sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Madonna: de como festejar quem não merece
Emanoel Barreto

Vejo no Estadão matéria com o título "Madonna é a 11ª mulher mais influente do século XX". A seguir vem notícia, que diz:

NOVA YORK - A revista Time publicou nesta quinta-feira,19, sua lista das 25 mulheres mais poderosas do mundo no século XX, em relação liderada por Jane Addams, a primeira americana a ser premiada com o Nobel da Paz, e que conta com Madonna, Hillary Clinton e Angela Merkel.

Ernesto Rodrigues/AEA rainha do pop durante visita a São Paulo, em fevereiro de 2010Segundo a publicação, Jane lidera a lista por seu trabalho em defesa do voto feminino e pelos direitos trabalhistas das mulheres, assim como por sua atitude como pacifista.

Na sequência aparecem, respectivamente, Corazón Aquino, ex-presidente das Filipinas, e a bióloga americana Rachel Carson, fundamental para o início do movimento ecológico.

Em quarta está a estilista francesa Coco Chanel, e, em quinta, a cozinheira americana Julia Child. Completam os dez primeiros lugares a ex-primeira-dama americana e atual secretária de Estado Hillary Clinton, a cientista polonesa Marie Curie, a cantora americana Aretha Franklin, a política indiana Indira Gandhi e a americana Estée Lauder, criadora da empresa cosmética que leva o seu nome.

Figuram na lista ainda a cantora Madonna (11ª), a política israelense Golda Meir (13ª), e a atual chanceler alemã, Angela Merkel (14ª).

Nos cinco últimos lugares da relação são citadas a empresária americana Martha Stewart, madre Teresa de Calcutá, a ex-primeira-ministra britânica Margaret Thatcher, a apresentadora de televisão Oprah Winfrey e a escritora inglesa Virgínia Woolf.
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Uma coisa a estranhar: o título destaca alguém que ficou em 11º primeiro lugar. Uma clara inversão de valores, não concorda? Mas é isso: para dar noticiabilidade ao assunto o jornal recorreu ao fato de que Madonna, excelente eu autopromoção, funcionaria como elemento de destaque.

Errou porém o jornal: o enquadramento deveria se voltar para personalidades mais importantes, como Madame Curie, além de questionar porque Madre Teresa ficou no final da lista. Madonna é apenas uma cantora oportunista, um ídolo pop, intérprete de canções sem qualquer profundidade, seja em forma ou conteúdo. Aretha Franklin está acima de Madonna, como voz e como pessoa icônica, mas isso não foi levado em consideração.

Preferiu-se a baladação e o apelativo, numa artista que só tem performance.



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