Olá, Amigos,
Magnífica e ancestral impressora encontrada na Biblioteca Nacional do Uruguai |
Foi uma experiência, boa, como boas foram as da Colômbia e Argentina, já lá se vão uns seis anos. O povo do frio tem roupagem diferente da nossa. Cobre-se de vestuário pesado e elegante, formal e vistoso. Eles me atendem bem e dizem que sou "muy amable".
Montevidéu tem um aspecto belo, com suas ruas outonais recobertas pela folhagem triste dos plátanos. Casais, muitos de idade antiga e gris, dançam tango ao entardecer às margens do Prata, um rio que tem muito de mar. E estando nós de um lado não se lhe vemos a outra margem, tamanha a sua largura. Belo rio. Às vezes, tocado por um vento poderoso, atira-se em ondas magistrais sobre a pista e lava os carros com ímpeto e força.
Quase dois milhões de almas austrais percorrem requintadamente suas ruas - de casas muitas em estilo pesado, bem espanhol. Às vezes o olhar se queda chocado: é que em meio aos homens e mulheres bem vestidos deambulam fantasmas: são os pobres e os miseráveis do lugar, envoltos em pesadíssimos trapos. Apanhando pontas de cigarro pelo chão e dizendo, com sua simples presença que como nós são latinos. E compartilham o sofrimento endêmico de nossa teia histórica de injustiça e exclusão.
Foi uma semana de muito trabalho, reuniões e apresentação do meu trabalho. Na tarde antes da partida, em frente ao hotel onde estava, um cantor de rua entoava tangos tristíssimos acompanhado de sua guitarra e de um teclado. Olhei lá de cima o espetáculo e senti uma ponta de saudade antecipada. Agradeci ao Uruguai, agradeci ao frio ter recebido este cabra nordestino e solar e prometi algum dia voltar.
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