quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Pequeno até fisicamente

A morte do minúsculo Kim Jong-il funcionou para mim como a metáfora viva do poderoso abominável. Pequeno até fisicamente, aquele ser humano encarnava o ridículo trágico do poder; aquele poder que em seu exercício, pela mistificação, permite a transformação do poderoso em mito.
http://www.google.com.br/imgres?q=kim+jong+il+coreia+generais+fotos

Achava esquisito quando aquela figurinha aparecia. Como se fosse um duende amendoado, cercado de generais bem mais velhos que ele, Kim dava adeusinhos a multidões previamente adestradas à sua adoração. Curvados ao peso de uma miríade de medalhas apensas em suas roupas os generais rebrilhavam. O povo aplaudia.

Pelo adestramento, as pessoas pareciam sinceramente ligadas àquele que regia suas vidas, pois o sistema político da Coreia do Norte é de um orwellianismo impressionante, demencial. E o povo era ensinado a amar aquele Grande Irmão.

Nos últimos dias têm passado matérias na TV, como decorrência da morte do ditador. Já observou como marcham as tropas? Ficam entre o ridículo e o grotesto. A marcialidade robotizada lembra-me bonequinhos mecânicos. Para mim isso é a representação de como aquelas mentes funcionam: as coisas são o que o Partido diz que são.

Na verdade quero deplorar o Poder como instância de auto-preservação, posse do poderoso. No Ocidente temos uma manifestação de potestade diversa, mas habilidosa: pelo veio da ideologia vivida sem imposição aparente as pessoas seguem um mesmo caudal e cumprem normas que vão do consumismo à idolatria a um jogador de futebol. E isso é muito político. Quer dizer, de alguma forma, temos os nossos kins...

Um comentário:

Ariston Bruno disse...

Texto excelente, sóbrio e pontual... Diria até que o nanico foi termômetro do povo, pois, o povo tem o governante que aceita e merece.

São como abelhas que buscam mel para sua rainha.