sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Recebi do leitor Rafael o seguinte comentário em relação a matéria que publiquei, abordando situação de menino pobre que não fora atendido em hospital particular mesmo a Prefeitura assumindo o ônus desse atendimento.

Emanoel, muito bom o seu texto/desabafo/crítica. Discordo apenas do tom dado à prioridade pelo paciente particular. Temos que lembrar que o PAPI é um hospital privado que deve, pois, arcar com todos os custos de energia, água, equipamentos, medicamentos, materiais e mão de obra. Supondo que a outra criança estivesse em quadro de igual gravidade, necessitando também daquele leito de UTI, não vejo mal em priorizar o cliente, que é quem paga estas contas que citei. O que não podemos é, de forma maniqueísta, começar a culpar instituições privadas que há anos salvam as vidas de mais de 400.000 pessoas que têm convênio ou podem pagar por atendimento médico em Natal pelo descaso que as autoridades locais local praticam em relação aos 500.000 que não podem arcar com aquilo que é obrigação do governo oferecer de graça.
Rafael.
...

Caro Rafael,

O maniqueísmo do meu texto é mais aparente que real. Explico: quando a Prefeitura tentou levar o menino a atendimento hospitalar fica implítico que arcaria com as despesas. Isso, imediatamente, equipara os dois pacientes, se o parâmetro for apenas a questão monetária. É claro também que o cliente particular tem direito, uma vez que vem pagando mensalmente para ter assegurado esse direito. Não culpo a iniciativa privada por suprir uma obrigação do Estado. Questiono a mercantilização da medicina, que leva instituição hospitalar a fazer a opção preferencial pelos que compram o serviço. Sei que, colocada assim, a questão assume aspecto controverso de conquista de direitos e a necessidade de ser a saúde bem imaterial de todo cidadão.

Vejamos agora por outro aspecto: e se tivessem chegado ao mesmo tempo dois pacientes particulares, como seria? Aí também o hospital, como o serviço público, estaria em falta, uma vez que somente dispunha de um leito, quando deveria estar apto, por suposto empresarial, a atender a urgências e emergências ocorridas ao mesmo tempo. Percebe  a essência do que proponho? Nesse caso, a questão do menino pobre que não foi atendido está completamente excluída, pois estariam em literal disputa dois pacientes particulares com idênticos direitos. E o hospital estaria deixando de cumprir com o contrato com um dos pacientes.

Grato pelo texto enviado e pela forma elegante como me contestou. 


Nenhum comentário: