segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Folha agora posa de porta-voz de Dilma
Emanoel Barreto

Quem diz, sem provar, é a Folha: A candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff, já discute com auxiliares e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva medidas econômicas duras, sobretudo na área fiscal, para adotar no início de um eventual governo.



Segundo a Folha apurou, a intenção é repetir a estratégia do começo do governo Lula, em 2003, quando o novo presidente fez ajuste fiscal e monetário mais duro que o esperado pelo mercado.


A avaliação de Dilma e auxiliares é que esse ajuste não precisará ter a intensidade do adotado por Lula, porque ela herdará situação econômica melhor. No entanto, serão necessárias medidas para dar sinais mais concretos ao mercado de que a eventual gestão Dilma reduzirá o ritmo de gastos dos últimos dois anos do governo Lula.


As medidas em análise se concentram na área fiscal, mas há também estudo sobre a área monetária. A Folha apurou que uma medida será reduzir drasticamente a política de reajuste salarial para o funcionalismo público.
 
[...] Com a hipótese concreta de vitória no primeiro turno, apontada pela última pesquisa Datafolha, Dilma deixará claro que manterá o tripé da atual política econômica: câmbio flutuante, meta de inflação e superavit primário. Mas vai enfatizar cada vez mais em declarações públicas que não haverá descontrole das contas públicas. ...


A Folha faz anúncio antecipado de medidas que o futuro governo deverá pôr em prática. Sem citar fontes, a assetividade do jornal insinua que tudo isso já está sendo estudado; ou melhor, tramado.
 
Desta forma, no subtexto está dito que quem votar em Dilma estará apoiando as tais "medidas duras", especialmente aquelas que dizem respeito ao funcionalismo público.
 
Todavia, em nenhum momento o texto a cita como o declarante de tais medidas. Assim, como pode a folha ter certeza de que "Dilma deixará claro que manterá o tripé da atual política econômica: câmbio flutuante, meta de inflação e superavit primário. [E que vai ] enfatizar cada vez mais em declarações públicas que não haverá descontrole das contas públicas"?
 
Até agora a campanha dilmista sequer sinalizou tais aspectos. Até mesmo porque é admissível que em momento eleitoral não haveria tempo para tanto: ou se pensa em eleição ou se pensa em questões fiscais e monetárias.

A Folha agora é porta-voz de Dilma?
Ou será que a Folha pensa que com tais anúncios ainda pode ajudar a reverter a presuntiva derrota do seu candidato?



Nenhum comentário: