sexta-feira, 31 de março de 2006

Não vou, não vou e não vou...

"Na guerra, o essencial é a vitória;
não campanhas prolongadas."
(General chinês Sun Tzu, em "A arte da guerra")

O ex-ministro Palocci disse que não ia, porque estava com estresse. Okamotto, aquele que pagou do própio bolso 23 mil reais de uma dívida do presidente Lula para com o PT, também não vai. Mais claramente, esse pessoal está sendo chamado, chamado não, intimado a depor pela Polícia Federal, mas não vai.

Não vai, não vai e não vai. E não acontece nada.

Uma pergunta: a polícia perdeu seu... poder de polícia? Quer dizer que suspeitos, pessoas notoriamente envolvidas com transações ilegais, se apresentam para depor quando querem, se querem ou se puderem? Lamentável, não?

A questão de Okamotto, dirigente supremo do Senac, chegou ao deboche: um agente foi entregar a intimação, que ele não recebeu porque "estava viajando", foi o que disse uma secretária e assim publicado pela imprensa. Só que, à saída, o agente voltou por qualquer motivo e viu ninguém menos que Okamotto saindo de uma sala e entrando em outra.

Espere aí: isso não tipifica alguma figura delituosa? O sujeito não poderia ter sido preso ali mesmo, por tentativa de obstrução do trabalho policial? A situação brasileira, cheia de enigmas morais, viscosidades éticas, transvios de conduta ideológica, chega agora ao cúmulo da cretinice.

Elementos de alta periculosidade - sim, corrupção e desmandos com os dinheiros públicos, a meu ver, tipificam periculosidade - caminham à solta e, soltos, futuramente voltarão a delinqüir.

Eu supunha que uma intimação policial tinha força coativa, era uma imposição, não uma escolha por parte do intimado. Em meio a um governo que em seu cerne acumula toda uma gama de desregramentos e depravações políticas e administrativas, o presidente Lula pensa sua próxima intentona: voltar a dirigir - eu disse dirigir? - os destinos do Brasil.

Na verdade, ele intenta dirigir as desditas do Brasil. Nisso ele é muito bom.

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