domingo, 19 de julho de 2020


Cair é uma coisa, despencar é outra história

Por Emanoel Barreto

Há dias não acessava o Twitter. Mas hoje acordei cedo, e pouco depois das sete da manhã leio algo que me emocionou: Rafael Barbosa, jornalista dos bons, repórter pé quente, me pega de surpresa e relembra nossas aulas de Oficina de Texto, tempos do curso de jornalismo na UFRN. 

Diz ele: “No início da graduação, em uma aula de Oficina de Texto, @VelhoBarreto me deu uma dica q nunca esqueci. Ele disse algo como “as palavras são carregadas de significado. Observe o peso das palavras. Dzr q algo despencou é diferente de dzr q caiu”. Levei o conselho p além da escrita”.

O registro de Barbosa, um gesto de grandeza e saudade nesses tempos de silêncio e medo, touxe-me de volta a este blog, coisa que há muito tempo não fazia. Valeu: vou retomar o hábito de escrever.

Respondi a ele: “Obrigado; essa sua recordação caiu-me bem. Despencou como saudade, chegou como chuva boa. Meu abraço.” 

Creio que o dever de quem lida com a palavra é exatamente esse: buscar o domínio, mais que isso, a convivência com a palavra, seu quase literal manuseio; descobrir seus desvãos, suas curvas, meandros, estuários, desaguares, luzes e os mais diversos matizes desse ser chamado palavra.

Ex-alunos e alunas, tudo gente querida, repercutiram o tuíte de Barbosa; o gesto caiu em minhas lembranças e eu despenquei de saudade. Uma saudade boa, é verdade. Mas mesmo assim toda saudade é falta e toda falta é ausência... Abraços, pessoal. Abraços.

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