Semeadores do desespero
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Geddel Vieira Lima. Foto: Dida Sampaio/Estadão |
Num país infestado de políticos corruptos é farta da
paleta temática para comentários, editoriais, artigos, até mesmo crônicas a
respeito do tema.
Senão, vejamos: na primeira página da Folha temos “Geddel
recebia propinas para liberar crédito, diz PF”.
Mais,
também na Folha: “Ex-secretário da Haddad vê ação do crime nas invasões”. A matéria
diz que o crime organizado está por trás do movimento dos sem-teto está a
presença de bandidos ligados ao tráfico, que sublocam imóveis abandonados e
assim têm locais onde distribuir a droga.
Mais? Temos. Diz O Globo: “Oito estados começam a
privatizar saneamento”. Somente muita ingenuidade para não intuir que daqui a
uns poucos anos além de a água estar a preços escorchantes haverá a descoberta de
que houve maracutaia na privatização.
Jornal do
Brasil: “Veja mensagens trocadas entre Geddel e Eduardo Cunha obtidas pela PF”.
Sujeira pura, acertos e conchavos para pôr a mão em dinheiro público.
Folha
outra vez: “Operação amplia pressão para Cunha delatar e exibe parte de seu
arsenal”. O texto informa que o ex-deputado preso tem informações que revelam a
podridão do alto empresariado, o congresso – como de hábito – e órgãos do
governo federal.
Temos no Brasil uma espécie de regência, digamos assim,
que estabelece o público como algo que deve ser patrimonializado, parasitado
pelo privado, visando o bem de muito poucos; desonestamente, é claro.
Isso,
além do acúmulo da riqueza nacional na mão de limitadíssimo percentual. Agrega-se
a tal realidade a persistência da corrupção e temos o resultado: a exclusão
social estimula a criminalidade, dá força ao crime organizado como se fora uma
sociedade paralela e leva o trabalhador honesto ao desespero ante a imensidão do
abismo que o assim chamado presidente Temer escava com grande ardor.
O pior é que não se vê perspectiva de punição efetiva aos
culpados. Pior ainda: o quadro instalado sugere que a sociedade está sendo
levada aos seus limites de suportação.
E como o
governo está plantando o caos, caos ele colherá. A semeadura é livre; a
colheita é obrigatória. A vinhas da ira produzem amarga bebida.
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