Hipocrisia e exploração no
mundo do trabalho
Na nova
legislação trabalhista a prevalência do “acordado sobre o legislado” é um
processo que instaura de forma escancarada a hipocrisia do governo Temer ante o
trabalhador.
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Faz-se
uma legislação que, supostamente, apenas supostamente, dá “grande liberdade” de
o trabalhador de escolher sua forma de prestação dos seus serviços, vale dizer
a venda de sua mão de obra.
O que
ocorrerá vem em direção inversa: os empregadores, vivendo momento propício e,
incentivados pelo governo, levam o intimidado trabalhador à sucumbência: o desemprego,
as incertezas do amanhã, a falta de um bom sistema de saúde, a violência, o
dinheiro curto, tudo isso influi pesadamente e debilita o empregado na hora da
negociação.
O objetivo
único é fixar um mundo do trabalho ditado por uma ética da submissão,
docilizando pelo temor do desemprego o homem que já tem até mesmo sua vida
pessoal precarizada. Da mesma forma que a argola domina e conduz o boi que puxa
pesado carro.
Vive-se
no Brasil, de há muito, essa relação fictícia: já notou como nas grandes lojas
os sistemas de alto-falantes fazem a chamada de um ou outro trabalhador ou
trabalhadora?
É assim: “Associado
fulano de tal dirija-se ao setor de atendimento”, ou “colaborador sicrano
compareça à gerência.” Isso é uma inversão de discurso. Uma ocultação. Na verdade
o que a loja não admite é chamar publicamente alguém de “empregado” ou “empregada”,
“trabalhador” ou “trabalhadora”.
Pegaria mal,
ficaria bastante exposta a relação trabalhista, manifesta a situação assalariada se
alguém fosse chamado: “Atenção carregador de pesos, dirija-se à seção de
reabastecimento.”
Isso tornaria
a nu a relação de trabalho, retiraria o caráter de confraria que a organização deseja
passar, como se ali houvesse reconhecimento e incentivo ao empregado,
funcionário, trabalhador, o que seja. Busca-se esconder essa relação de domínio
e direção, homem ao dispor de outro homem, operacionalmente.
A nova
ética de Temer para o trabalho traz à luz, ironicamente, a exposição direta de
que o objetivo é desmantelar as organizações laborais, vale dizer sindicatos e
associações reivindicatórias, tornando dóceis, pelo temor, os que precisam
literalmente do pão de cada dia.
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