segunda-feira, 9 de janeiro de 2017

Que venha Dom Sebastião



Entre a alucinação e o delírio sempre cabe um pesadelo


 O site Cartas Abertas informa:
“Apesar do déficit de R$ 139 bilhões previsto para as contas públicas em 2017, o esforço do Congresso Nacional para reduzir as suas despesas não será dos mais relevantes. A Câmara dos Deputados e o Senado Federal tem orçamento previsto de R$ 10,2 bilhões para 2017. Isso quer dizer que o trabalho dos parlamentares brasileiros custará o equivalente a R$ 28 milhões por dia. Os valores das dotações das ‘Casas Legislativas’ estão previstos no Projeto de Lei Orçamentária Anual.”
Creio que isso seja o suficiente para que nos conscientizemos de que cada vez mais a sociedade, vale dizer o trabalhador, continuará pagando pela farra.
E mais, diz o site:
“O maior orçamento é o da Câmara dos Deputados. Além de 513 deputados, a Casa possui cerca de 16 mil funcionários efetivos e comissionados trabalhando todos os dias. No total, estão previstos R$ 5,9 bilhões. Dessa forma, R$ 4,4 bilhões, o que representa 81% do orçamento, será destinado ao pagamento de pessoal e encargos sociais.”
Dezesseis mil funcionários. Esse povo todo cabe na Câmara? Tal número expressa a população de uma pequena cidade, não tão pequena assim. Ninguém, a não ser que esteja passando por algum problema cognitivo, acreditaria que a Câmara precisa de 16 mil funcionários.
Seria uma azáfama, não é mesmo?
O Brasil é uma grande e terrível festa. Retira-se direito ao trabalhador como quem toma a mais trivial das decisões. E sempre se utiliza de retórica centrada numa racionalidade de última hora, improvisada e imoral.
Houvesse sólida intenção de dar ao país um encaminhamento correto, e Câmara e Senado abririam mão de tais prebendas, penduricalhos que somente oneram os gastos e nada trazem de positivo ou necessário em termos sociais.
Para completar, o atual inquilino do Palácio do Planalto, ao que parece, está disposto a nos levar ao fundo do poço, arrastando-nos, em seus delírios neoliberais, em direção a um abismo de onde dificilmente sairemos.
Seria uma espécie de grandeza advinda da destruição, como se isso fosse possível. Mas, além do delírio há a alucinação: Temer parece – ou finge – acreditar que a entrega do patrimônio nacional aos grandes grupos estrangeiros seria uma grande solução para a retomada do crescimento.
Seriam eles como o Dom Sebastião de Portugal. O guerreiro que viria de volta das brumas do tempo, egresso da nossa própria Alcácer Quibir, para nos redimir da desolação – desolação que o próprio Temer et caterva nos trouxeram.    
Mas o crescimento nos travado por ele e aqueles a quem se aliou. Crescimento que não haverá; retomada que, como querem certos setores do empresariado, deveria ser feito à moda paraguaia: com salários miseráveis, jornada de trabalho desumana e baixos impostos.
Claro que, numa situação como a do Paraguai, somente uma minoria sai ganhando. Os trabalhadores produzem para exportar. Eles mesmo não têm dinheiro para comprar o que produziram.
Os que hoje comandam o país, os que pretendem, nas tramas e sombras de Brasília, apoderar-se dos destinos da nação pós-Temer, intentam aferrar à sociedade, aos trabalhadores, uma situação de dependência tal, que qualquer salário venha a ser aceito, sob temor de desemprego.
No pós-Temer, que já pode estar em vias de trama, viriam os bulldozers desse imperialismo intramuros. Destruindo sonhos, enviesando vidas, implantando o retorno a uma legislação trabalhista que transforma a mão de obra em coisa de pouca valia, barata e dispensável.
Oscilamos entre os delírios de uma loucura neoliberal e a alucinação desse sebastianismo da destruição. Mas, calma, em meio a isso ainda há lugar para o pesadelo. 
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Memória da publicidade

O abuso da condição feminina, a falta de respeito para com a mulher. 
  




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