A enrascada de Temer:
fugir or not fugir, eis a questão
Os procuradores da Lava Jato
podem renunciar caso Michel Temer sancione o projeto anticorrupção da forma
como se encontra. A respeito o Portal G1 informou:
“Os procuradores da força-tarefa
da Operação Lava Jato repudiaram o que chamam de ataque feito pela Câmara
contra as investigações e a independência dos promotores, procuradores e
juízes. Em entrevista em Curitiba, nesta quarta-feira (30), eles criticaram as
mudanças no pacote anticorrupção, que foi aprovado
pelos deputados nesta madrugada.”
Disse o procurador Carlos dos
Santos Lima: "Nós somos funcionários públicos. Temos uma carreira no
estado e não estaremos mais protegidos pela lei. Se nós acusarmos, nós podemos
ser acusados. Nós podemos responder, inclusive, pelo nosso patrimônio. Não é
possível, em nenhum estado de direito, que não se protejam promotores e
procuradores contra os próprios acusados. Nesse sentido, a nossa proposta é de
renunciar coletivamente caso essa proposta seja sancionada pelo presidente.”
Creio que agora a chamada classe
política chegou ao seu ponto-limite, Temer incluso. É a hora da verdade; o
presidente terá que tomar uma posição: ficando a favor dos seus iguais estará
necessariamente contra a sociedade, que tem-se manifestado firmemente a favor
da Lava Jato.
Escolhendo o projeto que foi
aprovado estará galopando ao lado dos que no plenário apontaram um golpe literalmente
sujo; vetando, terá que enfrentar sua reação virulenta, pois o veto poderá ser
derrubado.
O Brasil vive assim momento
hamletiano, aquele do ser ou não ser. É preciso escolher de qual lado ficar: se
da farsa dos seus, se da força das ruas.
É preciso ter grandeza, coisa que não acredito tenha o presidente Temer. Mesmo
sabendo ele que há algo de podre em nosso reino.
Mas o dilema está posto e suponho
que não é coisa a ser tratada com os salamaleques típicos do ocupante do trono
brasiliense. E até mesmo o jornalismo que apoia Temer não tem como ocultar
que ele encontra-se na encruzilhada. Vejamos amanhã a repercussão.
Mas uma coisa é certa: não há como
fugir or not fugir...
..........................
Ser ou não ser, o Brasil shakespeariano
Leia a íntegra do que disse o
personagem Hamlet na peça de mesmo nome. Algo alude ao Brasil.
Ser ou
não ser, eis a questão: será mais nobre
Em nosso espírito sofrer pedras e flechas
Com que a Fortuna, enfurecida, nos alveja,
Ou insurgir-nos contra um mar de provocaçoes
E em luta pôr-lhes fim? Morrer.. dormir: não mais.
Em nosso espírito sofrer pedras e flechas
Com que a Fortuna, enfurecida, nos alveja,
Ou insurgir-nos contra um mar de provocaçoes
E em luta pôr-lhes fim? Morrer.. dormir: não mais.
Dizer que
rematamos com um sono a angústia
E as mil pelejas naturais-herança do homem:
Morrer para dormir... é uma consumação
Que bem merece e desejamos com fervor.
E as mil pelejas naturais-herança do homem:
Morrer para dormir... é uma consumação
Que bem merece e desejamos com fervor.
Dormir...
talvez sonhar: eis onde surge o obstáculo:
Pois quando livres do tumulto da existência,
No repouso da morte o sonho que tenhamos
Devem fazer-nos hesitar: eis a suspeita
Que impõe tão longa vida aos nossos infortúnios.
Pois quando livres do tumulto da existência,
No repouso da morte o sonho que tenhamos
Devem fazer-nos hesitar: eis a suspeita
Que impõe tão longa vida aos nossos infortúnios.
Quem
sofreria os relhos e a irrisão do mundo,
O agravo do opressor, a afronta do orgulhoso,
Toda a lancinação do mal-prezado amor,
A insolência oficial, as dilações da lei,
Os doestos que dos nulos têm de suportar
O mérito paciente, quem o sofreria,
Quando alcançasse a mais perfeita quitação
Com a ponta de um punhal? Quem levaria fardos,
Gemendo e suando sob a vida fatigante,
Se o receio de alguma coisa após a morte,
–Essa região desconhecida cujas raias
Jamais viajante algum atravessou de volta –
Não nos pusesse a voar para outros, não sabidos?
O agravo do opressor, a afronta do orgulhoso,
Toda a lancinação do mal-prezado amor,
A insolência oficial, as dilações da lei,
Os doestos que dos nulos têm de suportar
O mérito paciente, quem o sofreria,
Quando alcançasse a mais perfeita quitação
Com a ponta de um punhal? Quem levaria fardos,
Gemendo e suando sob a vida fatigante,
Se o receio de alguma coisa após a morte,
–Essa região desconhecida cujas raias
Jamais viajante algum atravessou de volta –
Não nos pusesse a voar para outros, não sabidos?
O
pensamento assim nos acovarda, e assim
É que se cobre a tez normal da decisão
Com o tom pálido e enfermo da melancolia;
E desde que nos prendam tais cogitações,
Empresas de alto escopo e que bem alto planam
Desviam-se de rumo e cessam até mesmo
De se chamar ação.
É que se cobre a tez normal da decisão
Com o tom pálido e enfermo da melancolia;
E desde que nos prendam tais cogitações,
Empresas de alto escopo e que bem alto planam
Desviam-se de rumo e cessam até mesmo
De se chamar ação.
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