segunda-feira, 28 de novembro de 2016

Equívocos e descompassos de Temer



É muito feia a
cara do governo


A coletiva de Temer neste domingo, convocada às pressas como tentativa de criar uma agenda positiva para seu – vá lá! – governo, foi um espetáculo patético, roçando o grotesco. Ante uma plateia de jornalistas, que incluiu representantes de jornais do exterior, Temer deu desculpas esfarrapadas para o caso Geddel Vieira.
Justificativas tão ordinárias que fariam a vergonha e a desonra jurídica até mesmo do mais medíocre estudante de direito.

A saber: não existiu, e Temer sabe disso, conflito interministerial envolvendo a Secretaria de Governo e o Ministério da Cultura, como afirmou o inquilino do Palácio do Planalto: houve unicamente tentativa de solucionar assunto pessoal de Geddel – o tal apartamento em Salvador – enquanto ele, o presidente, funcionou como um corretor de segunda linha junto ao Ministério da Cultura. 

 Além disso, acossado pelo escândalo tramado em favor da anistia ao caixa dois, teria nas mãos uma cartada de baralho político sem qualquer chance de blefe: como justificar, aprovada a anistia, que esta seria aceitável?

E o jeito foi plantar outro blefe: o de que ele era contra a tal anistia. E fez isso com o espalhafato de uma coletiva convocada num domingo. Queria se livrar de dois problemas em uma só mão, ao lado de outros dois jogadores veteranos: o presidente do senado, Renan Calheiros, e o presidente da Câmara, Rodrigo Maia.

Na verdade, o objetivo era ganhar as manchetes ou pelo menos algum espaço nas primeiras páginas e estimular as redes sociais com um suposto estardalhaço: “Temer é contra o caixa dois!”

Os jornais até que tentaram ajudar: mas suponho que a opinião pública, em seus diversos segmentos, acolheu com um misto de indiferença e desconfiança as palavras de Temer; que tem agora a angustiosa missão de encontrar alguém para substituir Geddel. 

Mas o escolhido não pode estar na mira da Lava Jato ou metido com algum outro cipoal do crime.

Mas, no geral é isso: a priori não há como reverter a situação da má imagem do governo. Até porque a imagem é muito feia.

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Laerte/Folha de S. Paulo
Temer e o dilema de Cazuza



Nos seis meses de governo caíram seis ministros. Foram eles: Romero Jucá, Fabiano Silveira, Henrique Eduardo Alves, Fábio Medina Osório, Marcelo Calero, Geddel Vieira Lima. Daria a média de um ministro expelido a cada quarenta dias.

Cinco sob acusações de corrupção, tendo como única exceção Marcelo Calero, denunciante do esquema de Geddel Vieira Lima. 

A conclusão que se tira é de um governo que é feito essencialmente por pessoas com envolvimento com a lei, no pior sentido que isso queira dizer. 

A respeito, é exemplar a charge do cartunista Laerte, da Folha, que exibe reunião ministerial em que todos os participantes estão usando tornozeleiras eletrônicas. Até mesmo quem está à cabeceira da mesa...
Quer dizer: temos um governo bichado, para usar o jargão do futebol. 

Assim, como podem esses tipos propor medidas de suposta austeridade quando são useiros e vezeiros dos bens públicos, estão envolvidos em crimes que têm como objeto o desvio de dinheiro em benefício próprio?
E desvios que chegam a bilhões. Bilhões que estão faltando em hospitais, escolas, segurança pública e manutenção de estradas, só para ficar no mais óbvio. 

Objetivamente: o governo é fruto de um esquema bem urdido de setores das elites, grande imprensa e políticos de méritos no mínimo duvidosos. De tais pessoas não de poderia esperar algo de bom.

De tal caldo de cultura – sim, pois essa prática é reiterada e naturalizada historicamente nos esquemas de poder – somente poderia brotar o governo Temer: fraco, claudicante, incerto, errático, quase vivendo para o dia de amanhã.

Prova disso: o atual supremo mandatário da nação está a tal ponto encharcado de tal situação que sequer tem respeito por si próprio:  tem como seu chanceler o senador José Serra, que integra o PSDB partido que pede a sua cassação. Como na música de Cazuza, Temer busca amparo no peito de seus traidores.

A Folha de hoje relembra: “Derrotados no segundo turno, o PSDB e seus aliados entraram com três ações de impugnação da chapa Dilma/Temer por abuso de poder político e econômico nas eleições. Nas ações requerem a posse dos senadores tucanos Aécio Neves (MG) e Aloysio Nunes (SP) como presidente e vice.”

Ainda sobre o jornal paulista, hoje o mais influente do país, diga-se que a manchete não foi a patética entrevista de ontem, mas a informação de que Temer e Dilma estavam no mesmo barco.

Diz o jornal no principal título da primeira página: “Campanha de Dilma pagou despesas de Temer em 2014.” Ou seja: o que valeu para uma vale para o outro. E quem acusa é exatamente o PSDB...

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    AL CAPARRA, O GANGSTER CHIC


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