Agência Brasil
Um drible e um jab na democracia
Emanoel Barreto
Romário, Bebeto, Túlio Maravilha, Marcelinho Carioca e o ex-boxeador Popó são candidatos a deputado federal. Esses e Macelinho Carioca. Coisas da democracia. A questão que se coloca é o fato de que ingressam na, vá lá, vida pública quando vivem plenamente a decadência natural dos seres humanos.
Não seria estranho se, ao longo de suas carreiras tivessem usado a fama, a força de suas personalidades midiáticas para influenciar politicamente.
Não quero dizer política partidária, mas política em sua acepção maior, mais larga: cidadãos demonstrando que ao lado do esporte tinham consciência de que suas opiniões e atitudes teriam peso político. Atuação na sociedade civil, percebe?
Agora, não: ao que me parece, querem mesmo é integrar-se ao baixo clero da corte brasiliense, ficar encostados a um mandato e receber um agrado no fim do mês. E que agrado.
Mas, não lhes tiro de todo a razão. De alguma forma, se eleitos, o que temo seja uma possibilidade bastante plausível, irão se integrar à política-espetáculo, certamente por entender que já faziam parte de uma forma de espetáculo. Só que na política, política como discurso, gesto social de manifestação do Poder, resulta um show burlesco, resultado do nosso caldo de cultura, da nossa permissividade galante e cordial: é coisa pública?, quero a minha parte.
É triste, mas a democracia tem disso.
Os ex-craques, esteja certo, não vão bater um bolão em plenário. Popó não vai nocautear o processo corrupto que é a seiva da Câmara. Não são algo novo a irrigar a cena política. Apenas, espertamente, sugam o que restou de sua imagem na mídia para faturar uma espécie de segunda divisão, confortavelmente sentados em cadeiras magníficas.
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