quinta-feira, 21 de janeiro de 2010



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O jeitinho de Gabeira
Emanoel Barreto

Transcrevo texto do Blog do Fernando Rodrigues, comprovando o que é a lamentável cena política brasileira, um caldo de cultura que chega ao nível do sórdido. Nas palavras do jornalista encontro a incoerência do deputado verde Fernando Gabeira, que se apresenta à cena política como vestal. Você lê. Abaixo, eu comento. Veja só:

PSOL desiste de Marina e lança candidato próprio

O PSOL abandonou oficialmente a pré-candidatura da senadora Marina Silva (PV-AC) à Presidência. A decisão foi anunciada hoje (21.jan.2010) pelo Secretário Geral do partido, Afrânio Boppré, após reunião da direção do PSOL em Brasília.

De acordo com Boppré, o principal motivo para o racha foi a declaração do deputado federal Fernando Gabeira (PV-RJ) que em 12.jan.2010 disse que poderia se candidatar ao governo do Rio por uma aliança PV-PSDB. A aproximação de Gabeira com PSDB e DEM no Rio motivou o PSOL a desistir da aliança nacional e abandonar a pré-candidatura de Marina Silva.

Abandonadas as negociações com o PV, uma corrente do partido, da qual fazem parte a ex-senadora Heloísa Helena e a deputada federal Luciana Genro (PSOL-RS), lançou o nome de Martiniano Cavalcanti, presidente do PSOL em Goiás, como pré-candidato à presidência.


Martiniano disputará a indicação do partido com outros dois pré-candidatos, o ex-deputados Babá e Plínio Arruda Sampaio. A candidatura oficial será lançada na convenção nacional do PSOL no dia 11 de abril, no Rio. A expectativa é de que o peso de Heloísa Helena garanta a indicação de Martiniano Calvanti como candidato oficial do PSOL.
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Gabeira pratica com desenvoltura o jeitinho brasileiro. É um ex-guerrilheiro agora amaciado, que pratica a diplomacia político-partidária para garantir-se em cena. Pessoas mudam, é claro. Amaduretem, o que é bom. Perdem o sectarismo e passam ao exercício de outros tipos de comportamentos, na vida pessoal e na política, o que pode ser bom.

Mas, praticar um tipo de discurso para o público da TV Câmara e outro nos escaninhos do Poder, é prova  de hipocrisia. Pior que isso, é constatação de que está plenamente inserido no processo político brasileiro, que tem na pequena política, na baixa política, aquela dos corredores e cochicos, acertos e manobras, sua essência e, por isso mesmo, falta de credibilidade.

O pior é que essa cordialidade, essa falta de limites para se chegar aonde se deseja, é algo comum na sociedade brasileira. E, enquanto formos assim, teremos políticos assim.

E o PSOL

O Partido Socialismo e Liberdade não poderia ficar de fora desta análise. representaria no processo a faceta política coerente com seus princípios. São radicais os seus membros. Radicais no sentido de presos às suas raízes e delas não abrindo mão.

Até o momento, o PSOL não constitui uma perspectiva de poder. Nem o será, mesmo a prazo longo, uma vez que seu discurso não encontra eco no social, mesmo que represente os reais interesses desse social.

Sua pragmática está voltada para uma visão de confronto de classes, ou seja, um impasse histórico a ser resolvido conflituosamente. Respeito a integridade de pessoas como a ex-senadora Heloísa Helena. Mas, mudanças pela via do conflito aberto já demonstraram historicamente que não garantem ao povo sua condição de ator protagonista, resultando apenas em ditaduras.

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