segunda-feira, 11 de janeiro de 2010


Foto: AP/Reuters
Quando o humano é dispensável
Emanoel Barreto

A Folha Ilustrada informa: Angelina Jolie perde status de garota-propaganda por ser "muito famosa".
A atriz Angelina Jolie perdeu o seu posto como garota-propaganda da luxuosa grife St. John por ser muito famosa. Segundo o CEO da grife, Glenn McMahon, a atriz "ofuscava a marca", informou o site The Huffington Post.
"Nós queriamos romper com atrizes e ficar longe de loiras para limpar a nossa paleta", disse McMahon.
No lugar da atriz, a St. John contratou a modelo ruiva Karen Elson, mulher do músico Jack White. Angelina era garota-propaganda da marca desde 2006.
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Um dos aspectos do marketing das grandes corporações é a adjudicação da pessoa ao produto. O ser humano, o ator social precisa representar o produto, aludir com seu corpo e suas atitudes o que se quer vender, sem que, com isso, venha a liberar-se de ser produto também. Mais que isso: deve ser reduzido à condição de coisa orgânica à coisa que se quer vender. Somente assim será admitido às "leis" do mercado.

Quando a pessoa, sua humanidade se torna evidente, evidente acima da coisa à qual permitiu sua imagem ser adesivada, aí o se dá o dilema: é preciso que a humanidade sucumba à coisa, caso contrário não será mais admissível que continue como seu suporte humano.

O caso da atriz americana é bastante explícito. Como um ser midiático que é, vendeu sua força de trabalho, sua visualidade, esteticamente perfeita, como forma de valorar um produto. Quando os managers da empresa perceberam que o ser humano estaria sendo visto como mais importante que a coisa vendida, retira-se o ser humano, que deverá apenas ser uma prótese aderida ao produto. A humanidade é inadmissível aos olhos do mercado.

Tempos escuros esses que vivemos. Tempos muito escuros.

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