sábado, 11 de agosto de 2007

Herança macabra: o brechó da morte

Caros Amigos,
Uma alfaiataria em Santiago do Chile está vendendo ternos que pertenceram ao ditador Augusto Pinochet. As peças, que ele usava nos anos 80, somente são oferecidas, em caráter reservado, àqueles que sabidamente eram simpatizantes do regime que torturou e matou centenas de milhares de chilenos.

A alfaiataria, um literal brechó da morte, faz assim a louvação de um dos carrascos da humanidade no século passado. Mas é uma louvação envergonhada, cabisbaixa, bisonha. Tanto, que os ternos ficam bem guardados e somente são oferecidos a homens iguais a Pinochet.

Por que não ficam expostos em vitrines chamativas, não são levados a um leilão como os óculos de Lennon? Por quê? Porque são o símbolo da desgraça e do sofrimento do povo chileno e, por que não, e até mesmo da consciência humana. Porque são a marca de uma mente que voltou-se para trucidar e esganar a todos aqueles que defendiam as liberdades e uma vida mais justa. Porque são peças de um museu cruel, onde a principal lembrança são brutalidades infernais regidas por um psicopata armado com a espada da desgraça.
Bom fim de semana.
Emanoel Barreto

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