Do meu livro Crônicas para Natal, dois excertos. Dois pedaços de um tempo que vivi como jornalista, trazendo à cena da crônica as coisas de Natal, quando a cidade completava quatro séculos, há seis anos.
A jóia e seu segredo
Jóia de prata, erguida, linda, como um pingo
de elegância no Centro da cidade.
O relógio do Sesc é a caixinha de música do tempo,
tocando uma música que ninguém ouve.
Ninguém ouve, mas entende: uma sinfonia de horas
compassadas, intermináveis horas, futuras e sempre presentes.
Indecisas até o próximo minuto.
Refinada ampulheta, esmerada arquitetura esculpida
em tons de prata, o relógio do Sesc é delicada agulha fiandeira
de dias, informante mudo de que tudo passa.
Quem sabe, esse relógio não seria um cofre delicado,
metal precioso escondendo, dentro, o segredo da eternidade?
Arquitetura bordada de beleza
Casa senhorial, grande edifício de beleza.
Arquitetura elegante, linhas discretas, imponente
simplicidade, o Solar Bela Vista é um sonho bordado pela engenharia clássica.
Suas escadarias são atalhos para se chegar
a um tempo onde as construções eram obras de arte
e os arquitetos esculpiam casas como quem faz um anel de diamante.
Solar Bela vista, salões amplos, onde a arte
descobriu aconchego, seus grandes portais sustentam
cortinas invisíveis. Nobre casa, nobre morada da beleza,
nobre construção feita de grandeza.
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