sábado, 14 de outubro de 2006

Pedaços da vida, lembranças de Natal

Do meu livro Crônicas para Natal, dois excertos. Dois pedaços de um tempo que vivi como jornalista, trazendo à cena da crônica as coisas de Natal, quando a cidade completava quatro séculos, há seis anos.

A jóia e seu segredo
Jóia de prata, erguida, linda, como um pingo

de elegância no Centro da cidade.

O relógio do Sesc é a caixinha de música do tempo,
tocando uma música que ninguém ouve.


Ninguém ouve, mas entende: uma sinfonia de horas
compassadas, intermináveis horas, futuras e sempre presentes.
Indecisas até o próximo minuto.

Refinada ampulheta, esmerada arquitetura esculpida
em tons de prata, o relógio do Sesc é delicada agulha fiandeira
de dias, informante mudo de que tudo passa.
Quem sabe, esse relógio não seria um cofre delicado,

metal precioso escondendo, dentro, o segredo da eternidade?

Arquitetura bordada de beleza
Casa senhorial, grande edifício de beleza.
Arquitetura elegante, linhas discretas, imponente
simplicidade, o Solar Bela Vista é um sonho bordado pela engenharia clássica.

Suas escadarias são atalhos para se chegar
a um tempo onde as construções eram obras de arte
e os arquitetos esculpiam casas como quem faz um anel de diamante.

Solar Bela vista, salões amplos, onde a arte
descobriu aconchego, seus grandes portais sustentam
cortinas invisíveis. Nobre casa, nobre morada da beleza,
nobre construção feita de grandeza.

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