segunda-feira, 9 de outubro de 2006

Os debates agora têm capítulos: viraram uma novela

Troca de acusações, escambo de falta de cidadania. Assim pode ser resumido o debate de ontem entre Lula e Alckmin. O petista, que leu muitas das perguntas feitas ao adversário, relembrou os escândalos dos governos tucanos, enquanto Alckmin, olhando diretamente para as câmeras, parecia mais preparado. Claro, foi programado para dar essa impressão.

Tanto foi preparado, que, em vez de seu comportamento midiático diário, em que aparenta bom-mocismo, dava mais a impressão de um arrojado orador, um tipo combativo e polemista emérito. Nada disso, apenas um, talvez, bom aluno do marqueteiro que o orientou.

Para a ex-prefeita de São Paulo Marta Suplicy, Alckmin apresentou-se como um "candidato de plástico", tal a impostura do candidato. Quanto a Lula, limitou-se a tergiversar frente às acusações, não respondendo frontalmente a qualquer questionamento. Diga-se de passagem, o mesmo foi feito pelo adversário. Era como se jogassem futebol sem bola.

Li há poucos minutos na versão on line do Estadão uma enquete em que Lula fora visto como vencedor do confronto por 24.79%, enquanto Alckmin obtinha 75.21% da preferência. O jornal não informava o total de votantes. E essa pesquisas pela internet não têm qualquer valor, do ponto de vista técnico.

São mais uma curiosidade. Mas curioso mesmo é que um país chegue ao ponto de ter num palco de TV dois candidatos a presidente da República onde cada um busca o voto popular não pelas suas virtudes, mas pela tentativa de comprovar que é o menos ruim.

Quanto ao espetáculo em si, a Folha disse: "a TV Bandeirantes informou que o debate entre os dois candidatos rendeu 14,2 pontos de audiência, na média apurada pelo instituto Ibope, em sua medição prévia. Nos momentos de pico, a emissora chegou aos 20 pontos, mas não o suficiente para atingir a liderança do horário. A TV Bandeirantes ainda chegou ao segundo lugar, mas somente por alguns minutos e revezando-se com o SBT."

Resumo: o confronto perdeu para o Fantástico, que é programa de TV típico, é espetáculo declarado. Ou seja: o povo ficou mesmo com a fantasia, em vez do pesadelo em que se transformou a eleição presidencial.

De qualquer forma, agora o jogo está aberto. A expectativa é quanto ao próximo confronto. Os debates estão novelizados. Estamos em plena idade mídia na campanha presidencial. Vem aí o próximo debate. The show must go on.

Um comentário:

Vitor Menezes disse...

O debate parece ter sido bom para Alckmin e não tão ruim para Lula quanto se poderia supor.