terça-feira, 21 de março de 2017



Terceirização no trabalho e a ética do descarte humano

A Câmara dos Deputados deve aprovar hoje a terceirização geral de todas as atividades dos trabalhadores. 

Além de ser uma forma de desregulação das atividades laborativas a reforma alcança aspecto de grande relevância: instaura uma nova ética; a ética da desnecessidade da pessoa, sua sucumbência à condição de algo assemelhado a uma peça; uma peça viva na máquina empresarial. 

É a ética da falta de ética, sob argumentação de que é racional a administração de gente como se uma pessoa fosse um pedaço, um fragmento, um exemplar a ser descartado a qualquer momento desde que e se a empresa a considerar como uma “desnecessidade”.
O mesmo que você faz quando a bateria do seu carro pifa e você põe uma nova.

A ideia é a precarização extrema das relações trabalhistas. Racionaliza-se tal situação com uma apropriação de discurso: o patronato passa a dizer que tem por finalidade garantir maior empregabilidade, assegurar que o trabalhador sairá mais facilmente do desemprego.

O fator ética entra novamente em questão, pois parece que o gestor empresarial está movido pelos mais nobres sentimentos de humanismo e altruísmo.

O empresário seria alguém, então, com altíssimas preocupações sociais, tanto que enviou seus representantes políticos para criar uma lei que favorece o trabalhador. 

Talvez fosse melhor terceirizar o povo. Como seria isso? Não sei. Mas garanto que os deputados e os senadores, juntos, conseguiriam preparar essa lei direitinho. E seria aprovada sem vetos, viu?


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