Terceirização
no trabalho e a ética do descarte humano
A Câmara dos Deputados deve
aprovar hoje a terceirização geral de todas as atividades dos trabalhadores.
Além de ser uma forma de desregulação
das atividades laborativas a reforma alcança aspecto de grande relevância:
instaura uma nova ética; a ética da desnecessidade da pessoa, sua sucumbência à
condição de algo assemelhado a uma peça; uma peça viva na máquina empresarial.
É a ética da falta de ética, sob
argumentação de que é racional a administração de gente como se uma pessoa fosse
um pedaço, um fragmento, um exemplar a ser descartado a qualquer momento desde
que e se a empresa a considerar como uma “desnecessidade”.
O mesmo que você faz quando a
bateria do seu carro pifa e você põe uma nova.
A ideia é a precarização extrema
das relações trabalhistas. Racionaliza-se tal situação com uma apropriação de
discurso: o patronato passa a dizer que tem por finalidade garantir maior
empregabilidade, assegurar que o trabalhador sairá mais facilmente do
desemprego.
O fator ética entra novamente em
questão, pois parece que o gestor empresarial está movido pelos mais nobres
sentimentos de humanismo e altruísmo.
O empresário seria alguém, então,
com altíssimas preocupações sociais, tanto que enviou seus representantes
políticos para criar uma lei que favorece o trabalhador.
Talvez fosse melhor terceirizar o
povo. Como seria isso? Não sei. Mas garanto que os deputados e os senadores,
juntos, conseguiriam preparar essa lei direitinho. E seria aprovada sem vetos,
viu?
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