A foto que não diz
qualquer palavra
A capa da
Veja presta homenagem a Marcela Temer, apresentando-a como se fora uma espécie de
fiadora midiática do governo do marido. Seria o avesso de temíveis e terríveis medidas
postas em prática pelo Planalto.
Uma espécie
de Marianne, a figura alegórica que representa a república francesa personificada
na obra de Eugène Delacroix, em 1830, intitulada A Liberdade guiando o povo. Ali,
a república, vale dizer a Liberdade, representa iconograficamente os valores da
Revolução de 1789: liberdade, igualdade, fraternidade.
A figura
apresentada pela revista tem feição de efígie e baixíssima capacidade de
sensibilizar o olhar no sentido de que ali se encontre sentimento de proximidade. A empatia
da foto é literalmente nula.
Não sendo
frontal, perde a condição de retrato; não há aquele virtual olho no olho
que passa a sensação de que a imagem nos acompanha – efeito que qualquer fotógrafo
de celebridade sabe captar.
Basta ver
as fotos de personalidades do mundo pop e das divas cinematográficas.
O que a
Veja mostra é uma figura imperial, distante; temos uma elegância enigmática,
mais que isso aparenta sobranceria. Pior: soberba.
Para completar
a obra a revista apôs sobre a foto uma chamada sobre cantores sertanejos, um
selinho que busca vender produtos da Editora Abril, além do título da chamada
com a própria Sra. Temer, o que prejudica ainda mais a visualização da
fotografia.
Qualquer aluno
de jornalismo impresso sabe que a regra número um para a capa de revistas é
liberar ao máximo a imagem da matéria principal.
Isso
porque fotografias também são lidas. O
texto visual precisa, para ser compreendido, que se apresente de forma clara e tenha
fácil visualização.
Ademais, a
imagem, em si, precisa aparentar aquilo que busca representar. No caso, imagem imperial
da Sra. Temer não dá qualquer indício de que ali estaria o roteiro a ser
seguido para que o Planalto busque popularidade.
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