domingo, 29 de maio de 2011

 A beleza de Helena

Leio no Estadão matéria do jornalista Luiz Carlos Merten, do Estadão, a respeito de Catherine Deneuve. No trecho que selecionei, registro inusitado: um dos repórteres ficou literalmente paralisado à frente do mito. Diz matéria:

Passaram-se os anos - as décadas -, mas o tempo continua respeitando a bela da tarde. Catherine Deneuve é uma senhora, mas prescinde das plásticas e do botox para continuar impressionando. Se recorreu ao bisturi, foi com muita parcimônia. A silhueta é que está mais pesada. Ela não é mais a loira delgada que cantava e dançava com a irmã, Françoise Dorléac, em Duas Garotas Românticas (Les Demoiselles de Rochefort), de Jacques Demy. Mas canta no novo Christophe Honoré, Les Bien-Aimés, Os Bem-Amados, que encerrou o Festival de Cannes, no domingo passado.
No início da tarde daquele dia, Catherine recebeu um reduzido grupo de jornalistas - quatro, incluindo o repórter do Estado, mas um ficou mudo, decerto pelo choque provocado por estar diante do mito - para falar do filme e de sua extraordinária carreira.

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 Os jornalistas construímos os mitos, exaltamos qualidades e apresentamos defeitos e os mitos aparecem. Positivados ou discrepantes, apolíneos ou bizarros. E muitas vezes, diante de nossa própria obra, caímos a seus pés. A verdade e a ilusão tornam-se aceitáveis desde que lhes tenhamos fé. E assim, diante daquilo que foi criado, perante e beleza de Afrodite, o repórter caiu: como caíam, dizem, as tropas gregas ao ver caminhando pelas cimeiras das muralhas de Troia o perfil magnífico de Helena.

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