Do jornalista e poeta Walter Medeiros, este poema sobre o Dia da Água
Apesares
--- Walter Medeiros
A gota d’água da chuva
Explodiu no chão da serra
E secou rapidamente
Ao sol, inclemente.
Era a última gota
Na seca do açude
E se desintegrou
No chão rachado e triste.
Aos olhos sedentos
Daquele nadador sertanejo,
Que sacode a poeira
Da roupa de couro de boi.
O facão desolado corta o coração,
Na ligeireza que passa
Do corte úmido do mandacaru,
Para molhar os lábios rachados.
A mão forte aperta a fé
E resiste em busca da vida,
Mesmo que sofrida, sedenta;
Mesmo que faminta.
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