domingo, 27 de fevereiro de 2011

O argumento de inclusão e a educação como mercadoria

Leio na Tribuna matéria sobre o argumento de inclusão, que beneficia estudantes de escolas públicas. Ou seja: estes têm uma espécie de respaldo na contagem dos pontos, objetivando favorecer quem não teve oportunidade de pagar pelo ensino à rede particular. Lendo a notícia você perceberá porque as escolas particulares são contra: é pelo fato de que estudantes da rede pública estão conquistando primeiros lugares no vestibular. 

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Mais claramente: tomam das escolas particulares um trunfo mercadológico: esse tipo de aprovação e vendido à sociedade, diga-se ao mercado do ensino, como fator essencial à chegada aos bancos universitários. Trata-se de uma espécie de troféu e as escolas particulares querem ganhar dinheiro com ele, percebe? Não estão preocupadas com a inclusão ou não de jovens que não pagam pelo ensino - não pagam porque não podem - estão preocupadas é com os primeiros lugares, a fim de fazer seu uso publicitário como carimbo de competência de preparação de vestibulandos.

Leia matéria que deu na Tribuna:

Argumento de Inclusão vira polêmica

Publicação: 24 de Janeiro de 2010 às 00:00

Wagner Lopes - Repórter

Há três semanas, quando foram divulgados os resultados do Vestibular da UFRN, chamou a atenção o fato de que o primeiro colocado em Medicina era aluno da rede pública. O fato é que do segundo ao oitavo também eram. Este ano, os egressos de escolas estaduais e federais conquistaram praticamente todos os primeiros lugares da universidade. O motivo principal responde pelo nome de Argumento de Inclusão. Um bônus de 10% na nota final garantido ao estudante que desde a 6ª série do Ensino Fundamental frequenta a escola pública.

A bonificação foi criada na edição de 2006 e reforçada no último vestibular. Até então variava de percentual, sendo sempre maior nos cursos onde ingressavam menos alunos da rede pública e ia de zero a 7%. Para a presidente da Comissão Permanente do Vestibular (Comperve), Betânia Ramalho, o instrumento é uma forma de equilibrar melhor as oportunidades entre os alunos e só beneficia os “excelente” estudantes, pois é preciso passar para a 2ª fase e obter, nas provas discursivas, um argumento acima de 450, para ter direito.

Marcelo BarrosoBetânia Ramalho defende o argumento de inclusão como forma de oferecer oportunidades semelhantes aos egressos da rede públicaBetânia Ramalho defende o argumento de inclusão como forma de oferecer oportunidades semelhantes aos egressos da rede pública
No entanto, há quem discorde da nova fórmula. “Você não melhora uma pessoa diminuindo o obstáculo que ela tem de ultrapassar. Só melhora ensinando ela a ultrapassar esse obstáculo”, defende o professor de química Alexandre Pinto. Diretor de uma escola particular, o Colégio Ciências Aplicada, ele afirma que o novo sistema tem situações até engraçadas. “Mesmo que um aluno, da rede privada, acertasse a prova inteira, todas as questões da primeira e segunda fase, ainda assim não seria o primeiro lugar.”

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