domingo, 21 de novembro de 2010

Meu caminho e o barro
Emanoel Barreto

 Retiro do barro do meu caminho a estátua que de mim construirei.

E depois, como é de barro, minha estátua beberá de toda chuva.
E molhada se desfará abundantemente
E voltará a ser o barro por onde continuarei a caminhar.
E então reconstruirei uma nova estátua.

E assim será sempre. Dantes e depois.
E depois já não saberei quando sou dantes ou depois.
Não saberei se sou estátua, barro ou caminho.

E o caminho barrará os passos da sempre estátua.
Estarei ao mesmo tempo morto e imortal.
Pois o barro é a eternidade que se prende aos nossos pés.

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