quinta-feira, 8 de julho de 2010

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O inferno de Dante no dente do rottweiler
Emanoel Barreto

O assassinato da ex-amante do goleiro Bruno assumiu à perfeição os contornos de tragédia macabra, acontecimento medonho.

Como nos piores momentos da série Criminal Minds ou dos filmes do personagem Hannibal, quando mentes criminosas praticam os mais nauseantes atos de barbaridade e insânia, o requinte da perversidade ali parece ter chegado ao limite ou quase isso. Parece. Ninguém sabe ao certo até que ponto a humanidade pode se manifestar em atos de crueldade demencial.

O fato de o corpo ter sido esquertejado, servido a cães e emparedados os ossos revela dado terrificante, enlouquecedor: o homem, no exercício da humanidade, paradoxalmente se desumaniza, se degrada e degrada seus semelhantes. Legiões de demônios dançam nos dentes das feras. Tire as crianças da sala.

Como num thriller macabro, as peças vão se apresentando e se encaixando. Enquanto isso, o principal suspeito se nega a depor, afirmando que somente o fará em Juízo. Está no legítimo exercício de cidadania.

O que se espera é o esclarecimento do caso. Numa sociedade como a nossa, onde a impunidade é quase que garantida em lei, tamanha a gama de artifícios e procrastinações ao dispor dos advogados, é preciso lugar para que alguma justiça seja feita.

Falando nisso, vem-me à lembrança a lei dos ficha-limpa. O senador Heráclito Fortes, um ficha-suja, já garantiu, pelo menos a princípio, sua impunidade. Condenado por improbidade, já ativou manhas e artimanhas processuais para se livrar do impedimento legal de candidatar-se à reeleição.

A questão é que, persistindo o quadro de impunidade viral, temo que isso venha a se converter em impunibilidade, ou seja: a prescrição de que nenhum criminoso, mesmo flagrado, seja punido. Evoluindo o impune para a condição de impunível, teremos então instalado o quadro mais desalentador, aos que se regem pela honradez.

E me vem uma pergunta: o Brasil vale a pena?

Um comentário:

Fagner disse...

Olá professor, td bom? Fiz um blog no intuito de exercitar a escrita. Mas tomei a liberdade de citá-lo no post desta quinta-feira. Abs.
fagner