quarta-feira, 21 de abril de 2010

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Sentir Brasília

 Walter Medeiros*
waltermedeiros@supercabo.com.br

Cinqüenta anos, Brasília! Cinqüenta anos de vida, a mais intensa. Cinqüenta anos que surgiste da natureza para ser o grande ponto de encontro da humanidade, com a tua energia envolvente e contagiante. Cinqüenta anos de convergências e divergências pela criação de um Brasil melhor. Cinqüenta anos hospedando o mundo, na tua beleza transcendente e sideral. Cinqüenta anos de mudança para além do trivial. Cinqüenta anos, Brasília! Oh! Amada capital!


Muitas vezes explorei tuas entranhas, no Venâncio 2000, no Conjunto Nacional, nas tesourinhas, na W3, Rodoviária, Aeroporto e na bela Praça dos Três Poderes, de gritos contidos, de gritos gritados, de cacetetes e gás lacromogêneo, de tantas flores, de tantas festas, de tanto amor à Pátria. Brasília, és a casa dos brasileiros, por isto precisamos cuidar de ti, como se cuida dos entes mais queridos. E neste teu novo aniversário, tão importante, refletir pelo melhor, pela tua grandeza, pela tua história.


Nestes tantos anos abrigaste tantos momentos, de todos os tipos, mas que te fizeram amadurecer e firmar-se como quimera. Daqueles que não sabem viver em cidades desorganizadas, mas também daqueles outros que findaram começando a te desorganizar. Daqueles que querem ser enterrados debaixo das lajes das tuas super-quadras. Daqueles poetas da 304 – “a namorada foi para o Rio / e fiquei aqui a ver ministérios”.


Brasília, cidade elegante, cidade do futuro, cidade de todos, dos que crescem na vida e dos que não têm rumo, de corações que bateram e batem nas lutas da nossa história, de celas que prendiam os revolucionários ao ecumenismo da Torre de TV, da orla do Lago encantado às efervescências das cidades satélites.


Brasília, o mundo todo te reverencia, por seres a prova de que é possível construir os próprios destinos e mudar paradigmas. És mais que o teu todo, pois teu significado é mais amplo até que os escândalos que levam para dentro de ti.


Vez por outra tenho saudade de cada vez que te vi, Brasília. Saudade dos primeiros dias, nos quais tua beleza era total, dos dias sem medo, dos dias contemplativos, dos sonhadores que te completavam a cada dia. Auxiliadora Targino, Amantino Teixeira, Alexandre Cavalcanti, Monte Filho, Meira Filho, Chico Pereira, Chico Maia, Arlete Azevedo, João Heredício Pinto, Paulo Cunha, Dona Ceci e tantos outros.


Nos teus cinqüenta anos dou esse testemunho humílimo de quem pisou teu chão vermelho e em ti deixou e tem muitos amigos que se encantaram com as flores do cerrado. Amigos que em dias e noites inesquecíveis por ti circularam em tua culinária universal, em tua arte de vanguarda, em tua atmosfera inexplicável.


Brasília, não dá para bem te descrever, pois para te entender precisa, mais que tudo, te sentir.
*Jornalista – Natal/RN (Residiu em Brasília no ano de 1979 e retornou várias vezes a serviço ou em trânsito)

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