domingo, 6 de dezembro de 2009

Foto: Divulgação
É preciso cantar, é preciso pintar, é preciso vender...
Emanoel Barreto

"A foto é da obra 'Retrato de um homem, a meia distância, com as mãos na cintura', de Rembrandt, que pode ser arrematado por até R$ 70 milhões", dizia a legenda que transcrevo, tirada da net.

Agora, uma questão: a obra tem valor intrínseco, algo que vai muito além do valor que, miseravelmente, o dinheiro tenta mensurar ou os seus adoradores podem presumir, em suas minúsculas mentalidades que se guiam por cifras.

Nesses leilões ocorre um processo perverso: a obra de arte tem valor pelo valor do dinheiro que ela representa, não pelo seu conteúdo plástico ou visão de mundo imanente. Sei que os grandes pintores - a arte sempre aconteceu assim, ainda hoje é assim - precisa de um benefactor, um mecenas e um marchand. Afinal, a arte deve e precisa ser comercializada. O pintor também tem fome.

O problema é que, coisas bem da nossa condição humana, o processo assume as conotações malíssimas que mencionei quando o valor venal, por efeito ideológico, assume o valor ético da obra e o que se compra não e a obra em si, mas o valor financeiro-mercadológico agregado àquela. Infelizmente, é isso. Mas, adelante. É preciso pintar, é preciso cantar, é preciso vender...

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