sábado, 1 de agosto de 2009

Sarney pede pra sair
Emanoel Barreto

A Veja informa que Sarney começa a aplainar o terreno para deixar a presidência do Senado. Isso depois de enorme mobilização da imprensa vocalizando a opinião pública nacional. Apresentado de corpo inteiro como político corrupto, portanto indigno de ocupar não apenas a presidência da Casa, mas o cargo de senador, Sarney é a expressão mais completa da cultura da indecência que contamina plenários e gabinetes decisórios.

Mas, que ninguém se engane: tipos como ele e outros que trabalham nos escaninhos do poder não nascem do nada, não vêm "de fora" da sociedade brasileira. Antes são amostras bastante exatas da nossa própria cultura do jeitinho, das facilidades, da molícia moral que tornou-se comum em nosso dia a dia, naturalizou-se, passou a ser "normal."

Assim, não são poucos os de nós que se aproveitam de um descuido do próximo para tomar-lhe o lugar na fila; se puderem dão o troco errado ao cliente; se não encontrarem resistência, levarão para casa papel e até clips da repartição onde trabalham. Você deve conhecer algum caso.

Essa macrorrealidade migra, se espalha, abrange e termina por parir no Congresso os ratos com mandato, que irão se aproveitar do cargo para enriquecer mais e mais. Nossa cultura de hedonismo civil, de misturar o público com o privado resulta no espetáculo do Senado desgraçado sob presidência degradada.

Mas o andar da história se leva o andor dos dominantes e todas as suas taras políticas, traz também a procissão dos que não são indiferentes. Sim, é possível tirar tais indivíduos da cena política. Sim, é possível, pelo menos, começar a pensar nisso.


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