domingo, 17 de dezembro de 2006

Pimenta nos olhos da Justiça - II

Está suspensa a determinação judicial para que o jornalisma Antônio Marcos Pimenta Neves seja preso pelo assassinato de sua ex-namorada Sandra Gomide, ocorrido em 2000. Ele fora condenado em júri, mas o juiz decidiu que, mesmo assim, o criminoso poderia ficar em liberdade.

Agora, quando já se encontrava na condição de foragido e a opinião pública esperava sua captura, a ministra Maria Thereza de Assis Moura, do Superior Tribunal de Justiça, revoga o pedido de prisão. Entende que, como ainda cabem recursos, seria injusto que ele fosse preso, uma vez que, ao final do processo, poderia não se confirmar uma sentença condenatória.

Tecnicamente, pode estar perfeito o juízo. Mas o Direito não deveria ser aplicado unicamente a partir da letra fria de um processo. Cada caso é um caso. O matador, ao sair de casa portanto malas, para em seguida manter-se escondido, deu claros indícios de que pretendia burlar a aplicação da lei. Pimenta sentiu-se acossado ante a possibilidde de ser preso, uma vez que pedido nesse sentido havia sido feito pelo advogado da família da jovem a quem literalmente abateu, a tiros de revólver.

A voz das ruas, a opinião pública, o sentimento de humanidade, foram, com o assassínio da jovem Gomide, também afrontados pelo ato de Pimenta, cujo molho de ódio desabou sobre uma mulher indefesa.

Mas é assim que se faz o Brasil do cotidiano: com atitudes de insensibilidade, que de alguma forma respalda a crueldade; com ações de tecnicismo, que garantem a impunidade.

É Pimenta em liberdade e pimenta nos olhos da Justiça. Mas quem chora são os olhos de todos nós.

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