quinta-feira, 21 de dezembro de 2006

Numa falsa entrevista, é verdade que tudo é mentira

A construção da fama na mídia, caso isto resulte de um processo mercadológico, uma ação intensiva e extensiva, programada passo a passo para o convencimento da sociedade de que alguém é importante o suficiente para merecer atenções enfáticas, é algo que chega a ser monstruoso, dada a fonalidade manipulatória a que se destina.

Esse processo vem se desenvolvendo ao longo dos anos com Xuxa, que hoje menos que uma pessoa é um produto, é usada por uma engrenagem de mídia e dessa engrenagem também se locupleta. A coluna Zapping, da Folha online, conta que hoje a filha da apresentadora, Sasha, irá ao Programa do Jô reclamar que as coleguinhas de escola só se aproximam dela por ser filha de alguém famoso.

Tem-se aí um factóide, um falso acontecimento, um pseudo-acontecimento, uma entrevista programada para obter o efeito-fofoca, um disse-me-disse em torno de algo que, em si, não tem qualquer importância.

O que a menina vai declarar vai muito distante de um drama existencial, um angústia, algo desesperador. Sequer passa longe do assédio moral, caracterizado pela ação coercitiva, humilhante ou de qualquer forma discriminatória de alguém ou de um grupo sobre alguém ou grupo, visando que esse alguém ou grupo assim assediado seja prejudicado em suas atividades. Disso resulta uma má imagem e acabrunhamento às vítimas.

Nada disso ocorre com a filha de Xuxa. A aproximação das coleguinhas de escola pode até incomodar, se alguma quiser sair por aí dizendo que convive com algujém célebre, mas a filha de Xuxa convive com outras pré-adolescentes de igual classe social, compatilha com estas valores e visões de mundo, perfeitamente adaptada. Não tenho qualquer dúvida.

A entrevista com Jô Soares soa, assim, muito mais como uma jogada de marketing de Xuxa, que já deve estar programando sua saída do vídeo. Afinal, já está uma senhora com seus 43 anos. Não creio que pretenda chegar aos 60 usando maria-chiquinha e se apresentando como a rainha dos baixinhos.

Nenhum comentário: