quarta-feira, 13 de dezembro de 2006

O Vietnã voltou. E os americanos não querem acreditar

O Estadão online traz a seguinte matéria: "Heróis são necessários para se sentir em casa. Este é o cerne da revista em quadrinhos The New Avengers - Letters Home. Numa revista que se confunde com a própria mensagem, ela mostra Capitão América, Surfista Prateado, Motoqueiro-Fantasma e Justiceiro numa “nobre” missão: garantir que os soldados americanos espalhados pelo globo na guerra contra o terror mantenham contato com seus entes queridos e se sintam mais próximos de casa."

Diz ainda a matéria: "Na revista, a organização criminosa Hydra - pense aí uma versão em quadrinhos da Al Qeada, Taleban ou ETA altamente sofisticada - rouba um satélite de comunicações americano. Cabe aos heróis liderados pelo Capitão América resgatar o artefato e permitir que os soldados no exterior consigam mandar mensagens de natal para suas famílias nos Estados Unidos."

O lançamento da revista está previsto para o próximo dia 20. O uso de personagens de histórias em quadrinhos pelos Estados Unidos em períodos de guerra é recorrente. Os personagens são símbolos, reúnem em suas figuras características e essências muito caras ao povo americano, especialmnte o patriotismo e a defesa subliminar da democracia. Democracia na acepção americana do termo: todos os povos obedecendo ao que eles determinam. Esta a liberdade versão United States.

Entretanto, agora, quando aumentam as baixas do exército, já há descontentamento entre o povo, mães e pais temem pela sorte dos filhos que podem morrer no Iraque por uma causa no mínimo duvidosa, eis que surgem os super-heróis para compensar, no imaginário da tropa, a dura realidade do dia-a-dia de homens-bomba, armadilhas e medo.

A missão, resgatar um satélite para que os soldados possam mandar mensagens de natal a seus familiares - que amor -, reveste-se não só do patriorismo heróico, mas do pieguismo choramingas: o filhinho que precisa falar com mamãezinha mas não pode porque meninos maus querem dominar o mundo, o filhinho tem que enfrentar os malvados e precisa deixar o ninho e sair de metralhadora em punho, tadinho.

Agora, chega o Natal e não é que os malvados querem até mesmo que Johnny deixe de falar com a mamãe? Nada disso! Capitão América chegou, para resolver a situação.

Assim estão as coisas. Zé Carioca já serviu para incluir o Brasil no mundo da Disney, na Segunda Guerra. Fomos promovidos a personagem da Disney, já pensou? Agora, até msmo as tropas deles precisam ser incluídas em seu próprio mundo de simulacro, para poder suportar o real. O Vietnã voltou e eles não querem acreditar.

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