segunda-feira, 5 de dezembro de 2022

 Bolsonaro, um corvo velho,

 sorumbático e meditabundo

Por Emanoel Barreto

Envolto em sua soturna solidão qual um corvo velho, Bolsonaro aparenta estar macambúzio, sorumbático e meditabundo, vagando como alma penada pela penumbra do Palácio da Alvorada. Mesmo que não tenha chegado a tal estágio os presságios para seu futuro imediato não são auspiciosos: responde a algo como 25 processos, dizem as folhas diárias, e há a real possibilidade de que venha a ser preso.

A isso deve-se aditar que perderá capital simbólico, ou seja: será depossuído de poder, não terá mais a seu lado acólitos subservientes, não poderá mais influenciar partidos nem promover nomeações ou atos danosos, seja à saúde pública como ocorreu quando a pandemia explodiu e ele fez de tudo para frustrar a vacinação, seja natureza, ou à classe trabalhadora de modo geral.

Perder capital simbólico significa ver abalada sua imagem de líder, de mito. Em suma, perderá força. Será, na prática, empregado do PL, a quem pediu para ser contratado, e terá o duvidoso cargo de presidente honorário do partido, o que na prática quer dizer que na sigla ele será só uma figura. Parte do mobiliário político, sem utilidade.

Ninguém virá lhe pedir conselhos e em nada poderá atuar para direcionar a bancada de deputados federais, para seu desespero e temor.

É fácil observar os motivos do seu comportamento soturno: seus seguidores mais desmiolados estão escorados às portas de quartéis do Exército implorando por um golpe e Bolsonaro, encurralado em Brasília, não pode funcionar como caixa de ressonância. Teme ser essa caixa de ressonância.

Certamente por temor de que incentivando movimentos golpistas venha a agregar a seus, digamos, pecados políticos, mais uma denúncia, a prática de mais um crime: a busca da derrubada da democracia, o desrespeito à legitimidade do resultado eleitoral.

Como não é um líder pensante, um propositor, não terá, fora do cargo, competência intelectual para criticar o novo governo, salvo em atos de internet, certamente promovendo noticiário falso ou repetindo bordões da extrema direita.

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