Bolsonaro, um corvo velho,
sorumbático e meditabundo
Por Emanoel Barreto
Envolto em sua soturna solidão qual um corvo velho, Bolsonaro aparenta estar macambúzio, sorumbático e
meditabundo, vagando como alma penada pela penumbra do Palácio da Alvorada. Mesmo que não tenha
chegado a tal estágio os presságios para seu futuro imediato não são auspiciosos:
responde a algo como 25 processos, dizem as folhas diárias, e há a real
possibilidade de que venha a ser preso.
A isso deve-se aditar que perderá
capital simbólico, ou seja: será depossuído de poder, não terá mais a seu lado
acólitos subservientes, não poderá mais influenciar partidos nem promover
nomeações ou atos danosos, seja à saúde pública como ocorreu quando a pandemia
explodiu e ele fez de tudo para frustrar a vacinação, seja natureza, ou à
classe trabalhadora de modo geral.
Perder capital simbólico
significa ver abalada sua imagem de líder, de mito. Em suma, perderá força. Será,
na prática, empregado do PL, a quem pediu para ser contratado, e terá o
duvidoso cargo de presidente honorário do partido, o que na prática quer dizer
que na sigla ele será só uma figura. Parte do mobiliário político, sem utilidade.
Ninguém virá lhe pedir conselhos
e em nada poderá atuar para direcionar a bancada de deputados federais, para
seu desespero e temor.
É fácil observar os motivos do seu
comportamento soturno: seus seguidores mais desmiolados estão escorados às
portas de quartéis do Exército implorando por um golpe e Bolsonaro, encurralado
em Brasília, não pode funcionar como caixa de ressonância. Teme ser essa caixa
de ressonância.
Certamente por temor de que
incentivando movimentos golpistas venha a agregar a seus, digamos, pecados políticos,
mais uma denúncia, a prática de mais um crime: a busca da derrubada da
democracia, o desrespeito à legitimidade do resultado eleitoral.
Como não é um líder pensante, um
propositor, não terá, fora do cargo, competência intelectual para criticar o
novo governo, salvo em atos de internet, certamente promovendo noticiário falso
ou repetindo bordões da extrema direita.
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