Não está certo obrigar o Brasil a dar errado
Por Emanoel Barreto
Eu não sei se o Brasil pode dar certo, mas sei que não é certo obrigar o Brasil a dar errado.
A tragédia nacional que se alonga numa história cheia de tropelias lamentáveis não me traz à memória nenhum grande feito, salvo, é claro, termos ganho Copas do Mundo. Esse o nosso grande feito: chutar bolas, fazer gols.
Sim, ia esquecendo: Marta Rocha quase foi Miss Universo em 1954. Mas perdeu o título por ter duas polegadas a mais nos quadris. Chato, né?
Nosso libertador era português e o fez por conveniência; e olhe que tempos depois pagamos a Portugal dois milhões de libras esterlinas a título de indenização. Rabo entre as pernas.
Claro, tivemos Getúlio, que também foi ditador e afinal suicidou-se. Perdeu, povão. No tempo histórico amontoamos tudo de ruim o que pudemos acumular – incertezas, golpes de Estado, inflação descontrolada, crescimento do banditismo e outras coisas terríveis como homens lamentáveis e líderes sob suspeita; Bolsonaro é exemplo perfeito – e com ele continuando no Poder sabemos bem aonde vamos chegar.
O momento que vivemos, enlouquecido em seu espalhafato de fanáticos ululantes, ensandecidos e brutais lembra-me que estamos como que sentados sobre trilhos à espera da locomotiva colossal, o ápice da tragédia.
O ovo da serpente foi plantado lá atrás e dele nasceu Bolsonaro presidente e o bolsonarismo.
Lewmbre-se: se ele for reeleito o cerco se apertará de tal forma que a realidade perversa ora vigente vai ser mantida, se intensificar e reafirmar que é preciso o Brasil nunca dar certo para que todos os erros permaneçam, punindo com pena aterradora quem ousar dizer: “Eu não sei se o Brasil pode dar certo, mas sei que não está certo obrigar o Brasil a dar errado.”
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