quarta-feira, 24 de novembro de 2021

 O PSDB e a Lei de Murphy

Por Emanoel Barreto

A prévia do PSDB, que domingo último fracassou na tentativa de sondar a escolha de um candidato à presidência da república revela não apenas a inexistência de um líder inconteste do partido, mas, acima de tudo, indica que dificilmente quem vier a ser escolhido terá condições de conciliar as forças partidárias.  

Os nomes que se apresentaram – João Doria, Eduardo Leite e Arthur Virgílio – até hoje não tiveram força suficiente para aglutinar o entusiasmo do partido.

É preciso lembrar um fato histórico: na política brasileira, até onde eu me lembre, as convenções têm sido meramente homologatórias: isso porque os partidos já tinham, na fase pré-convencional, consenso em torno de uma liderança tida como capaz e forte para disputar com representantes de outras agremiações. Era o que se chamava de “candidato natural”.

A convenção apenas confirmava o preferido e pronto. Ainda estamos nas prévias e deu no que deu.

Observando a fase atual do PSDB o que se tem é o governador de São Paulo, João Doria, tentando desde o início de seu mandato validar-se como pretendente ao Palácio do Planalto. Não conseguiu; tanto que surgiram os oponentes. E esses, como Doria, não têm cacife suficiente para confrontar Lula.

Mais claramente, o PSDB já entra estilhaçado na disputa e nada indica que seu representante venha a obter congraçamento com aqueles que perderem a disputa interna. Lembremos de Aécio Neves, que saiu candidato aclamado e sem questionamentos, pois era uma liderança inconteste – foi desmascarado posteriormente e exposta toda a sua corrupção, mas isso é outra história.

No Brasil não há a tradição americana de disputa intrapartidária, quando democratas e republicanos travam disputas internas para a escolha de seus respectivos representantes. Escolhidos aqueles, os partidos acompanham seu nome até o fim.

O PSDB não vai trilhar caminho idêntico. Entre Brasil e Estados Unidos há realidades históricas diversas, tradições incomparáveis, vivências políticas distintas.

O PSDB não tem um nome com estrutura e imagem pública suficientemente possantes para avultar-se no horizonte da campanha como aglutinador do partido, dotado de competência performática para entusiasmar o eleitorado. Nenhum dos três mantém vínculos intensos e históricos com o grande eleitorado nacional, o povo, o senso comum.

Está tudo tão confuso no partido que até mesmo o app utilizado para a realização da prévia revelou-se falho. Lembrando a Lei de Murphy: “Se uma coisa pode dar errado vai dar errado.”

 

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