O Brasil é uma sala escura
e sua História
um pano sujo exposto no varal
Por Emanoel Barreto
Ingresso em 2021 como quem chega a uma sala escura e grande. E sem saber exatamente como combater/enfrentar/conviver/superar/aceitar o que já existe lá dentro.
Sei somente que há restos a pagar de 2020, dívidas humanas contraídas por equívocos tão nossos, dúvidas quanto ao que virá, a certeza da incerteza, o possível passo em falso na escuridão que nos cerca, a vida rasurada e encardida, gente morrendo, pano sujo exposto no varal da História.
Ao que tenho visto não vão se abrandar os ânimos nem se acalmar os intentos ou se aclarar no Homem o sentido de humanidade, aqui proposta como alguma forma respeitosa de convivência de contrários. Entendo que até inimigos podem ser leais.
E por entender essa forma de lealdade – e defendê-la –, lembro John Lennon e cito verso de Imagine, sua composição mais emblemática da fase pós-Beatles: “You may say I’m a dreamer/ But I’m not the only one”.
Sei, todavia, que estamos num tempo de cólera e ódios sinceros. Espero que a sala escura vá aos poucos se aclarando e os passos venham a se encaminhar a um rumo certo e a navegação a um bom porto. Espero, não tenho certeza. Na verdade, desejo; e em vez de esperar prefiro esperançar mesmo sabendo o quão difícil será chegarmos a algo de bom e de justo.
Mas volto ao meu acorde em tom maior e insisto, com a pequena ajuda de Lennon: “You may say I’m a dreamer/ But I’m not the only one.”
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