terça-feira, 5 de janeiro de 2021

O compasso dos pés faz o caminho

Por Emanoel Barreto

Talvez seja difícil encontrar caminhos, mas havendo pés existirá sempre a possibilidade de uma partida e uma chegada. O que estiver no meio da caminhada é o caminho: e ele será sempre será único para cada um, para cada tipo de situação, para cada instante, cada pequena eternidade da espera até que se cumpra a intenção de chegar.

Caminho não é estrada; a vereda que cada um percorre pode ser alterada a qualquer instante; basta mudar de ponto de vista, quebrar o compromisso inicial da viagem e pronto: muda-se o caminho, esse destino incerto e não sabido.

Estrada é diferente de caminho. Na estrada há um caudal de rodas, há pressa, velocidade, ânsia de chegar. Já o trajeto feito a pé, o andar, é coisa de cada um, tem a haver com o que é vivido na solidão humana, no pensamento calado, no que foi superado ou perdido e precisa ser substituído ou mudado.

Os caminhos, especialmente aqueles que fazem ziguezague num terreno largo, são mapas, registros, latitude e longitude de pessoas que se passaram, gente que foi ou está voltando.

A senda, na floresta ou em campo aberto é desafio, chamamento ou escolha. É a vida mesma que se vive ao compasso dos pés e da coragem.

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