segunda-feira, 12 de outubro de 2020

 O ódio pode nos transformar em monstros

Por Emanoel Barreto

Acabo de ler na Tribuna do Norte que no Rio Grande do Norte trinta municípios têm mais eleitores que habitantes. Isso causou-me grande preocupação: não pelo fenômeno eleitoral em si, facilmente explicável por migrações, fraudes, defasagem nas estimativas populacionais e disputas territoriais.

O motivo do meu temor é que no Brasil venhamos a ter mais monstros que pessoas. Aí a coisa pega, pois temos tudo para que isso possa acontecer.

Veja só: a cada dia vemos na TV mais e mais pessoas em histerismo ideológico pregando a morte como algo aceitável; outros tantos defendendo posições religiosas fundamentalistas; mais um montão berrando a favor de golpes de Estado; e magotes de desequilibrados  que querem porque querem a violência como o exercício da política por outros meios, digamos assim.

Logo logo poderemos ver, por algum estranho e prodigioso fenômeno, que o interior das pessoas aflore, e sua monstruosidade seja exposta em corpos disformes, tipo aquele alienígena do “Oitavo passageiro”, lembra do filme?

Já pensou, o Brasil cheio de oitavos passageiros? Ou de lobisomens nazistas? Ou, quem sabe, ficaremos lotados de tipos como aquele de “O iluminado”? Quem viu esse filme sabe que o personagem era barra pesada com o machado.

Haverá lugar para todos, esteja certo. Está na moda defender a brutalidade contra o adversário, e pior: considerar o adversário como inimigo. Divergência política entre amigos não significa que devamos nos odiar. É só uma diferença que pode ser resolvida com uma boa cerveja. E pronto.

Mas, voltando aos monstros: espero que meus temores não  ocorram. Mas, aqui pra nós: temos muita gente que adoraria cravar as garras no pescoço do outro e dizer: “Agi em defesa do Brasil.” Depois sair urrando e caçando uma nova vítima.

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