domingo, 11 de outubro de 2020

 

O silêncio tornou-se meu amigo

Por Emanoel Barreto

No silêncio a que me retirei ao longo do sinistro tempo da pandemia aprendi a conviver com esse tempo vazio e espraiado em horas, dias, dias, dias, dias e dias...

O silêncio do retiro não é calado nem mudo. O silêncio é silêncio; é preciso entender a voz inexistente do silêncio para aprender a sua luz e sua essência.

O calado pretende falar; o mudo nunca falou. E isso não é silêncio. O primeiro pretende expor-se em sons a que chamamos palavras, o outro isso não pode. Então o que sobra é a inexistência de som, e daí vem o silêncio que tem essência e consistência.

Ele é calculado, vivido, vívido, organicizado, íntegro e integral ao silencioso; e este, querendo, pode falar e sua voz será também o seu silêncio.

Essas palavras minhas são silenciosas. E, no entanto, tenho certeza de que você as ouviu bastante alto.

Agora fiquemos em silêncio. Tudo isso vai passar.

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