terça-feira, 31 de janeiro de 2017

O cuidado em proteger as elites



A regência do povo se faz à custa de muita lama

Tenho alguma dificuldade em entender o porquê de manter-se as investigações da Lavajato sob sigilo, como fez a ministra Carmem Lúcia. E questiono: por que deve-se manter escondido da sociedade os crimes cometidos por membros de sua elite?

Isso não é pergunta retorica e traz em si a resposta: o sigilo é a forma de assegurar que a máquina do poder – aqui em sentido amplo e que abrange as grandes fortunas – precisa manter-se de alguma forma.
A regência do povo se faz à custa de muita lama. 

Assim, trazer à tona a verdade, expor sem limites o núcleo, a força motriz daquilo que compõe o poder no Brasil é algo que não interessa aos integrantes da elite. Daí o sigilo, o cuidado, as luvas de pelica. 

Perdem-se alguns anéis – leia-se prendem-se alguns – mas preservam-se os dedos, o centro do sistema. 

Todos sabem que as últimas delações, essas, dos setenta e sete executivos e ex-executivos da Odebrecht respingam, enxovalham, encharcam a biografia de nomes de leviatãs – no governo e fora dele.
Assim, teme-se que isso traga prejuízos ao cenário político. E se usa como escudo a legislação, que recomenda o uso das tais luvas de pelica, na metáfora aqui usada. 

Mas, vem-me outra pergunta: não era essa a finalidade da Lavajato? Ou, ao contrário, seria apenas para capturar os criminosos que se emaranhavam nas dobras do manto do PT? E, ao final, chegar-se a Lula?

É claro que a Lavajato já fez muita coisa positiva. Mas, para ser efetivamente justa a inatacável, precisa mirar bem. E atingir a todos os que devam ser alvejados.

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