A regência do
povo se faz à custa de muita lama
Tenho alguma
dificuldade em entender o porquê de manter-se as investigações da Lavajato sob
sigilo, como fez a ministra Carmem Lúcia. E questiono: por que deve-se manter
escondido da sociedade os crimes cometidos por membros de sua elite?
Isso não é
pergunta retorica e traz em si a resposta: o sigilo é a forma de assegurar que
a máquina do poder – aqui em sentido amplo e que abrange as grandes fortunas –
precisa manter-se de alguma forma.
A regência do
povo se faz à custa de muita lama.
Assim,
trazer à tona a verdade, expor sem limites o núcleo, a força motriz daquilo que
compõe o poder no Brasil é algo que não interessa aos integrantes da elite. Daí
o sigilo, o cuidado, as luvas de pelica.
Perdem-se
alguns anéis – leia-se prendem-se alguns – mas preservam-se os dedos, o centro
do sistema.
Todos sabem
que as últimas delações, essas, dos setenta e sete executivos e ex-executivos
da Odebrecht respingam, enxovalham, encharcam a biografia de nomes de leviatãs –
no governo e fora dele.
Assim,
teme-se que isso traga prejuízos ao cenário político. E se usa como escudo a
legislação, que recomenda o uso das
tais luvas de pelica, na metáfora aqui usada.
Mas, vem-me
outra pergunta: não era essa a finalidade da Lavajato? Ou, ao contrário, seria
apenas para capturar os criminosos que se emaranhavam nas dobras do manto do PT?
E, ao final, chegar-se a Lula?
É claro que
a Lavajato já fez muita coisa positiva. Mas, para ser efetivamente justa a inatacável,
precisa mirar bem. E atingir a todos os que devam ser alvejados.
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