terça-feira, 6 de dezembro de 2016

Viana sob pressão para conter a PEC



Renan, Brasília e o povo que não tem medo de fumaça

A coluna Painel, na Folha, assinada pela jornalista Natuza Nery, dá um indicativo da situação em Brasília logo após o anúncio da queda de Renan Calheiros. As notas abaixo demonstram como funcionam as engrenagens políticas nos gabinetes e câmaras secretas do Poder. Vejamos:

 “Não vai ficar assim Em reunião de emergência na residência do presidente do Senado, aliados de Renan Calheiros traçavam um plano para devolvê-lo ao cargo. O clima era o pior possível. ‘É muito sério tirar o chefe de um Poder por liminar. Nem com Eduardo Cunha foi assim’, reclamou um senador. Caciques cogitam entrar, em nome da instituição, com um pedido de suspensão do ato à presidente do STF, Cármen Lúcia. ‘É uma decisão gravíssima’, reage Jorge Viana (PT-AC), sucessor imediato de Renan.”

“Chamuscado Com o afastamento, Michel Temer passa a depender de duas fotografias improváveis para reaver alguma normalidade em seu governo: reabilitar Renan e ver o PT, pelas mãos de Viana, colocar o teto de gastos para votar na terça que vem.

“Cruz e espada Apesar de Viana ter perfil conciliador e ser próximo do presidente do Senado, a bancada petista já o pressiona para que adie a tramitação final do teto para 2017. ‘Não podemos ignorar a crise. A Casa não pode votar nada este ano’, defende Lindbergh Farias (PT-RJ).”
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Como se percebe fica sugerido uma espécie de clima de consternação com a deposição de Calheiros. Até mesmo seu sucessor, que é supostamente de oposição, faz coro ao carpir dos aliados do governo. Algo, tipo: “Como é que pode?”

Por outro lado estaria em preparação um ato de repulsa dos deputados junto ao Supremo, frente à decisão do afastamento do agora ex-presidente. É que são muitos os interesses envolvidos e sui generis os níveis de compromisso. 

Veja só: é no mínimo estranho o comportamento do senador Jorge Viana. Da mesma forma que é terrível ter um congresso presidido por alguém que é réu em processos por corrupção. 

Sabe-se que o governo tem uma câmara que lhe garante respaldo; tem, portanto, maioria para aprovar a PEC do fim do mundo. Mas seria de se esperar que o PT pelo menos esboçasse alguma reação, na tentativa de retardar o máximo possível a sua aprovação. 

Quanto a Renan, dizem as folhas online que está como que se sentindo insultado e alardeia que ainda tem prerrogativas de presidente, como o uso de jatinho da FAB. Será? 

Mas é preciso ver o seguinte, ante o quadro instalado: isso não surgiu de repente: nem a corrupção nem a cultura que a partir dela se instituiu.

Isso tudo é fruto de um longo e profundo processo histórico, com a formação de elites empresariais, judiciárias e políticas compondo um caldo grosso, suculento ao paladar dos mais atrevidos, dos intimoratos da lei; daqueles que deveriam cumpri-la, mas dela se aproveitam e lucram.

Sendo assim, só nos resta cantar como Ary Barroso:

Isto aqui, ô, ô
É um pouquinho de Brasil, Iaiá
Desse Brasil que canta e é feliz,
Feliz, feliz


É, também um pouco de uma raça
Que não tem medo de fumaça, ai, ai
E não se entrega, não

Então, vamos adiante. E espero que continuemos a não ter medo de fumaça...

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