sexta-feira, 5 de fevereiro de 2016

A ação do Sidicato do Crime



Fique em casa, tranque a porta e reze muito

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A Justiça determinou que 79 contas bancárias fossem bloqueadas. Tudo dinheiro de gente ligada ao crime organizado, mais especificamente o Sindicato do Crime. Este, por sua vez, é dissidência do Primeiro Comando da Capital-PCC. A divisão se deu porque os descontentes achavam muito rígida a organização do PCC, suas normas e, digamos assim, ética de funcionamento. 

A tal ética diz respeito à forma como eram tratados os criminosos inadimplentes com o banco em suas contribuições mensais, valor destas e prestação de contas a criminosos de outros estados. 

Descontentes com o rigor brutal das cobranças estabeleceu-se a divisão. Que em vez de enfraquecer os bandidos criou novas facetas e mais grupos a agir em toda parte. 

Veja bem: o grande perigo do crime organizado é a decorrente criação de um sentimento de pertença, ou seja: a formação de uma mentalidade de grupo, a sensação de agrupamento, apoio, solidariedade. Ligações de fidelidade e parceria confiável. 

E o que é pior: o sentido de causa que tal estado de coisas propicia transforma o banditismo em elemento coletivo e opositor da sociedade como se fora luta justa, uma jihad criminal, o “nós” contra “eles”. 

O crime organizado, até mesmo pelos componentes ideológicos ali imbricados – os bandidos são predominantemente oriundos das classes despossuídas, sabem o que é ter péssimas escolas, passar fome ou quase isso, ficar horas em filas e adoecer sem assistência médica – têm inconscientemente em seu DNA social – se é que posso me utilizar de tal metáfora – a sensação de injustiça. 

E daí para assumir a prática do crime como elemento de justiça desvirtuada, instituição indigna e falsamente repositora de direitos sociais sonegados, é um passo. 

Juntam-se a tudo isso aspectos psicológicos: o menino vê o ricaço flanando, a madame na vida boa, a mocinha comeu vestido cato, o playboyzinho enchendo a cara e fazendo absurdos com o carrão e acende-se aí o estopim. Simplificadamente, muito simplificadamente, é isso o que ocorre. 

Chega então o Sindicato do Crime e recruta esse pessoal. A partir das prisões, onde estão muitos dos chefões, a organização passa a dar comandos e missões. 

O resultado, no caso especialmente de Natal e grande Natal é a ação sem controle dos bandos. Nas ruas o terror. No interior a explosão de agências bancárias. Em toda parte o medo. Em quase nenhum lugar a polícia. 

Assim, fique em casa, tranque a porta e reze, reze muito.


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