Fique em casa, tranque a porta e reze muito
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A Justiça determinou que 79
contas bancárias fossem bloqueadas. Tudo dinheiro de gente ligada ao crime
organizado, mais especificamente o Sindicato do Crime. Este, por sua vez, é
dissidência do Primeiro Comando da Capital-PCC. A divisão se deu porque os
descontentes achavam muito rígida a organização do PCC, suas normas e, digamos
assim, ética de funcionamento.
A tal ética diz respeito à forma
como eram tratados os criminosos inadimplentes com o banco em suas contribuições
mensais, valor destas e prestação de contas a criminosos de outros estados.
Descontentes com o rigor brutal
das cobranças estabeleceu-se a divisão. Que em vez de enfraquecer os bandidos
criou novas facetas e mais grupos a agir em toda parte.
Veja bem: o grande perigo do crime
organizado é a decorrente criação de um sentimento de pertença, ou seja: a
formação de uma mentalidade de grupo, a sensação de agrupamento, apoio,
solidariedade. Ligações de fidelidade e parceria confiável.
E o que é pior: o sentido de
causa que tal estado de coisas propicia transforma o banditismo em elemento coletivo
e opositor da sociedade como se fora luta justa, uma jihad criminal, o “nós”
contra “eles”.
O crime organizado, até mesmo
pelos componentes ideológicos ali imbricados – os bandidos são
predominantemente oriundos das classes despossuídas, sabem o que é ter péssimas
escolas, passar fome ou quase isso, ficar horas em filas e adoecer sem
assistência médica – têm inconscientemente em seu DNA social – se é que posso
me utilizar de tal metáfora – a sensação de injustiça.
E daí para assumir a prática do
crime como elemento de justiça desvirtuada, instituição indigna e falsamente repositora
de direitos sociais sonegados, é um passo.
Juntam-se a tudo isso aspectos
psicológicos: o menino vê o ricaço flanando, a madame na vida boa, a mocinha
comeu vestido cato, o playboyzinho enchendo a cara e fazendo absurdos com o carrão
e acende-se aí o estopim. Simplificadamente, muito simplificadamente, é isso o
que ocorre.
Chega então o Sindicato do Crime
e recruta esse pessoal. A partir das prisões, onde estão muitos dos chefões, a organização
passa a dar comandos e missões.
O resultado, no caso especialmente
de Natal e grande Natal é a ação sem controle dos bandos. Nas ruas o terror. No
interior a explosão de agências bancárias. Em toda parte o medo. Em quase nenhum
lugar a polícia.
Assim, fique em casa, tranque a
porta e reze, reze muito.
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