quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

O imperador na alça de mira

Começa a se tornar ridícula a insistência da Rede Globo em torno do jogador Adriano e seu envolvimento no tiro acidental de uma pistola. O assunto, banal em sua essência, ganhou foros de problema nacional a partir do fato de que envolve pessoa notória em situação negativa. 
http://www.google.com.br/imgres?q=adriano+jogador+tiro+disparo
Vamos analisar a questão por partes: do ponto de vista técnico encontram-se aí valores-notícia suficientes para sua divulgação. Se você não é jornalista, explico: valor-notícia diz respeito a atributos impregnados a um acontecimento suficientemente fortes para que este vire notícia.

Temos então um atleta, famoso até pelo fato de que com alguma constância se envolve em problemas, como aquele acontecimento em que foi de alguma forma flagrado por ter amizade com traficantes. 

Em seguida temos o mesmo atleta envolvido com um tiro disparado no interior do seu caríssimo automóvel quando estava na companhia de mulheres após uma noitada. Eis os valores-notícia. Agora, manter esse assunto em destaque como se fosse uma tragédia nacional...

O que deploro é a forma como se criou sensação em torno do acontecimento. Será que não há nada sério para noticiar? São por aspectos assim que deploro certos tipos de jornalismo: a mais importante TV do país - e suas imitadoras - atuando de maneira a obscurecer aspectos da realidade nacional em favor de um incidente de pessoas que haviam passado a noite numa boate.

O obscurecimento se dá em função de que temos assuntos mais importantes: a insegurança, a desassistência à saúde, as estradas mal-conservadas, a educação sucateada, os gastos abusivos com a Copa do Mundo. Qualquer pauteiro razoavelmente atento pode sacar aí um bom assunto. 

Mas, se o caso é encher o tempo com acontecimentos tipo submundo, então vamos cobrir o depoimento de Adriano, como se deu o disparo, quem atirou, etc..., etc,... etc... E se isso quer dizer um cidadão bem informado, ah, bom!

Um comentário:

Igor Jácome disse...

Podiam aproveitar o fato para falar de temas como, por exemplo, desarmamento, ou armamento da população.