domingo, 10 de julho de 2011

Jogando dinheiro fora
Emanoel Barreto

No post abaixo desta matéria publico texto meu e reportagem de Maiara Felipe, d'O Poti, a respeito do estado caótico do Walfredo Gurgel. O hospital não tem dinheiro para funcionar de forma decente. Enquanto isso, vejo na Tribuna do Norte texto de Ricardo Araújo a respeito do quanto já se desperdiçou com a Copa do Mundo. São duas formas de manifestação de como os governos tratam a coisa pública. Leia a matéria da Tribuna e depois, faça-me o favor, veja a matéria sobre o Walfredo Gurgel.

RN já gastou R$ 22 milhões só em consultorias e projetos

Ricardo Araújo - repórter

Os gastos com a Copa do Mundo 2014 no Brasil fluem como um rio que corre ao encontro do mar. Até a realização do mundial, serão gastos aproximadamente R$ 5,07 bilhões somente com a construção dos estádios/arenas multiuso. As  obras, porém, serão produtos finais de uma engenharia superdimensionada e, de acordo com especialistas, dispensáveis à maioria das cidades-sede. No Rio Grande do Norte, o dispêndio começou ainda em 2009 e já soma cerca de R$ 22,3 milhões três anos antes dos jogos. São consultorias, projetos executivos, publicidade.

DivulgaçãoO primeiro projeto do Arena das Dunas foi pago, mas dele, pouca coisa pôde ser aproveitadaO primeiro projeto do Arena das Dunas foi pago, mas dele, pouca coisa pôde ser aproveitada
Já as obras, se resumiram a derrubada de uma creche e ao cercamento do estádio Machadão e entorno. Somente o Governo do Estado, gastou cerca de R$ 13 milhões com a confecção de projetos básicos e maquetes virtuais em terceira dimensão que acabaram se tornando inúteis. Mesmo com o cancelamento dos contratos - orçados em R$ 27,47 milhões - com as empresas Populous Arquitetura Ltda e Stadia - Projetos, Engenharia e Consultoria Ltda, o Estado arcou com uma despesa de cerca de R$ 10 milhões. O custo foi confirmado pelo secretário extraordinário da Copa do Mundo 2014, Demétrio Torres.

Para o chefe da Controladoria Geral da União - Regional Rio Grande do Norte, Moacir Rodrigues de Oliveira, a fraqueza dos projetos básicos contribuem para os sucessivos gastos com consultoria. "O que a gente percebe são fragilidades nos projetos básicos que não tem contemplado a obra como deveria", afirma. Além disso, segundo ele, a má  contratação dos planos gráficos e descritivos repercutem na convocação de empresas de consultoria e na renovação dos certames através de aditivos que infringem a Lei das Licitações ( nº 8.666/1993).

De mãos dadas ao Estado, pelo menos nos gastos para o mundial sem transparência, a Prefeitura de Natal já investiu R$ 9,3 milhões em ações voltadas para a Copa do Mundo em Natal. Os gastos incluem desde repasses à Secretaria Municipal de Turismo e Desenvolvimento Econômico (Seturde) à contratação por R$ 942.030,00 de uma Organização  da Sociedade Civil de Interesse Público (Oscip), De Peito Aberto - Incentivo ao Esporte. Há também, os projetos de mobilidade urbana com vistas ao mundial.

O Município contratou o consórcio paulista EBEI e MWH Brasil por R$ 7.276.034,54 para a confecção dos projetos executivos do plano de mobilidade urbana que ainda não saiu do papel quatro meses após a assinatura da ordem de serviço. Além disso, a entrega do projeto executivo à Caixa Econômica Federal, financiadora do Plano de Aceleração do Crescimento (PAC) no qual a obra está inscrita, já foi postergada quatro vezes. De acordo com o secretário de Planejamento de Secretaria Municipal de Obras Públicas e Infraestrutura adjunto (Semopi), Walter Fernandes de Miranda Neto, as obras dos lote 1 iniciarão ainda este ano, provavelmente em setembro ou outubro.

Mesmo com todos os atrasos e com a monta envolvida na contratação de empresas de consultoria cujos trabalhos não são visíveis, pelo menos por enquanto, a população natalense aprova a realização da Copa do Mundo. Numa pesquisa encomendada à Certus - Pesquisa e Consultoria pela TRIBUNA DO NORTE, realizada entre os dias 2 e 3 deste mês, 68% dos entrevistados aprovam totalmente a vinda da Copa. Em detrimento de 16,8% que desaprovam integralmente os jogos na capital. Foram ouvidas 700 pessoas maiores de 16 anos em Natal, São Gonçalo do Amarante, Macaíba e Parnamirim.

Nenhum comentário: