sábado, 17 de abril de 2010


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À rainha Lady Laura
Emanoel Barreto

Acabo de ver na net sobre a morte, aos 96 anos, de Lady Laura, rainha e mãe do rei Roberto Carlos. A notícia tocou-me. E chorei um pequeno pranto, íntimo e calado. Por que, se nunca a vi, não a conhecia?

 É simples: na universidade, ensino aos meus alunos que uma notícia tem dois tipos de proximidade com o leitor: a proximidade espacial, quando o fato se dá no lugar onde você vive, tem suas raízes e ligações mais ou menos fortes, e a parximidade emocional ou afetiva: quando você, mesmo distante da ocorrência de um acontecimento alegre ou triste, de repente sente-se àquele ligado.

Exemplo: quem de nós não se condoeu com a morte do presidente da Polônia em desastre aviatório, ou com os terremotos do Haiti e Chile? Está aí a proximidade afetiva.

O mesmo se deu com a morte de Lady Laura. Roberto, para os da minha geração, era uma espécie de amigo, que cantava para nós, nos discos que animavam as festas dos jovens dos anos 1960. "Quero que vá tudo para o inferno" era uma espécie de hino de nossa rebeldia ingênua. Depois veio o Tropicalismo e a ingenuidade cedeu lugar ao protesto, à politização.

Mas Roberto ficou, como ícone de um tempo. Com o encantamento de Lady Laura de alguma forma se vai um pedaço daqueles anos 60. É isso: apenas um texto da lembrança de quem nunca conheci.

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