http://files.nireblog.com/blogs1/dineymonteiro/files/violencia.jpgO silêncio dos inocentes ou até que morra uma autoridade
Emanoel Barreto
Há muitos anos, no saudoso semanário Dois Pontos, dirigido pelo jornalista Marcos Aurélio de Sá, foi publicado editorial sob o título "Até que morra uma autoridade". Redigido por Sá, o editorial referia a uma onda crescente de assaltos em Natal, ante a leniência sonolenta das autoridadades. E, afirmava o jornalista, até que alguém da elite fosse alvo da ação dos criminosos, nada seria feito. O título era bastante incisivo.
Uma análise de discurso simples indica: o governo é composto pelas elites. Sendo assim, não mantém vinculação orgânica com esse ser coletivo a quem chamamos de povo, e se e somente se algum de seus iguais, da elite, fosse atingido, haveria uma ação deliberada e permanente contra assaltantes e outros agressores.
Vejo no twitter que assaltantes estão promovendo arrastões em áreas nobres no litoral, onde, exatamente, a elite passa seus dias ociosos de verão, mar, cerveja. Enfim, onde os bem aquinhoados exercitam sua dolce vita. E isso está causando pavor. O mesmo pavor das pessoas ditas comuns que, por exemplo, vivem em Felipe Camarão, e experimentam em seu cotidiano ao conviver com a dor, a morte, a ameaça.
Mas a violência, ao que parece, democratizou-se. Agora, a onda de pavor saltou os muros invisíveis da sociedade de classes e toma literalmente de assalto as mansões festivas das praias. Esperemos que o alastrar da violência demonstre às autoridades que o crime campeia à corda solta. E que todos se sintam também escandalizados com o sofrimento, a dor e o silêncio dos inocentes que formigam nos arrabaldes.
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