domingo, 27 de dezembro de 2009

Alex Régis
Dinarte era mesmo adivinhão
Emanoel Barreto

A minha abordagem a respeito de a governaora Wilma de Faria ser a terceira força política do Estado na campanha de 2002, foi confirmada por ela em entrevista hoje à Tribuna do Norte.

A matéria é dos jornalistas Aldemar Freire, Anna Ruth Dantas e Guia Dantas e tem a seguinte abertura:

A governadora Wilma de Faria (PSB) encerra 2009 com duas definições políticas: a disputa para o Senado e o apoio ao vice-governador Iberê Ferreira de Souza (PSB) que, como ela mesmo afirma, é candidato irreversível ao Executivo. No entanto, há duas indefinições: a escolha do candidato a vice de Iberê, que a governadora sinaliza estar entre o ex-prefeito de Natal Carlos Eduardo (PDT) e o deputado estadual Robinson Faria (PMN), e a indicação do segundo nome para concorrer ao Senado. Um dos cotados é o deputado federal João Maia (PR).

A governadora admite que a ausência de um companheiro de chapa para a eleição de senador está “atrapalhando um pouco” e acredita que atritos existirão, inclusive entre candidatos do mesmo palanque. Ela afirmou isso em referência aos senadores José Agripino Maia e Garibaldi Filho. Ao responder sobre a escolha do vice, ela não esboça preferências. A chefe do Executivo estadual acredita que a eleição de 2010 será polarizada.

E descarta uma terceira via, como ela própria adotou em 2002, na campanha contra o então governador Fernando Freire e o senador Fernando Bezerra. “A terceira via para existir, como existiu em 2002, precisa ter uma mulher corajosa e eu não estou vendo isso. Não tem nenhuma mulher e nenhum homem (de coragem para a terceira via)”, avaliou. Sobre o deputado Robinson Faria, ela avalia que o deputado já dá sinais de ter desistido de concorrer ao Executivo.


E a governadora critica a Assembleia Legislativa. Ela ponta que ganham dispensa de tramitação apenas os projetos do Ministério Público, do Tribunal de Justiça e de aumento salarial. Wilma de Faria afirma que disputará uma vaga para o Senado, mesmo sem ser uma pessoa poderosa. “Eu não sou poderosa. Hoje estou no poder, mas não sou poderosa. Ou seja, eu fiz uma administração democrática, todos participaram”, completou.
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O texto é suficientemente objetivo, conciso e claro para permitir a compreensão de que temos aí alguém com capacidade política de atirar-se a uma disputa ciente do seu poder, trazendo à tiracolo vontade inquebrantável para apresentar-se ao embate.

A afirmativa de que não há no Estado ninguém, homem ou mulher, com virtù para repetir a sua façanha de 2002, a demonstra como um agente político que não teme exprimir discurso como esse, que chega às raias da arrogância. Mas o ato frasal da governadora não pode ser medido nos limites estreitos da arrogância. É tolo o político que se deixa dominar por ela. A governadora não cairia nesse canto de sereia.

O dizer de Wilma tem mais que isso: é ato tático, que nas entrelinhas e por antecipação atribui a outros um perfil negativado. A repercussão na imprensa pode contribuir para colar em adversários e/ou correligionários indecisos em apoiá-la a imagem de fracos, sem que isso necessariamente leve a governadora a ser vista como arrogante.

Ou seja: ela apenas "fez uma constatação" objetiva do quadro que se põe. Se for acusada de arrogante poderá dizer que apenas relembrou sua coragem em 2002. Com isso, e com o epíteto de guerreira, que já é quase parte do seu nome, começa de alguma forma a apresentar-se em posição olímpica, sabendo de antemão que entrou num páreo de longa distância, não numa disputa de cem metros rasos. E começa falando alto.

Como eu disse na matéria sobre a governadora e Dinarte, o velho senador era adivinhão...

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