segunda-feira, 27 de abril de 2009

O progresso que fracassou
Emanoel Barreto

O governo americano poderia assumir o controle da fabricante de veículos GM (General Motors) em troca de oferecer outros US$ 11,6 bilhões em ajuda à montadora, segundo o plano da empresa para acelerar seu plano de reestruturação --que envolve ainda a extinção da marca Pontiac, o corte de de 21 mil empregos e o fechamento de 13 unidades nos EUA até o final de 2010. A notícia está na Folha Online e traz uma informação paralela: o Estado americano assumindo o papel que originariamente seria do capital.

Isso vem de encontro aos mais sacros princípios do capitalismo, que vê no Estado um ente que deve o mais possível ser mantido afastado do mercado que, por si só, encontraria "naturalmente" as suas próprias soluções. Na verdade, o que o mercado encontrou foi o seu próprio e angustiante problema. Tramou-o, executou-o com frieza exemplar e agora tem de se curvar à constatação: não é solução para problemas históricos da produção, muito menos para a solução social desses problemas.

Exige-se, por consequência, a presença estatal para disciplinar aqueles que queriam a desregulamentação total. A história não é algo que se construa linearmente. Nada garante que uma determinada situação implique necessariamente uma outra, sem que haja em sentido contrário algum movimento. Ou seja: o neoliberalismo apregoou aos quatro cantos do mundo que o capitalismo seria etapa insuperável do desenvolvimento, até mesmo como decorrrência do falido "socialismo real", quando caíram o Muro de Berlim e o império soviético.

Agora, uma nova situação se posta. O mundo caminha e mais do que nunca se exige ao mundo uma revisão de valores políticos e ideológicos, para a construção de um tempo onde o trabalhador não seja apenas mais uma peça da máquina empresarial. O mercado é criação perigosa e que pode fugir ao controle dos seus criadores, devorando-os quando não é contido.

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