sábado, 25 de abril de 2009


Vamos passear de avião?
Emanoel Barreto

O poder opinativo da charge é nada desprezível. Que o digam os políticos e outras personalidades de mídia. Eminentemente editorial, a charge é uma espécie de piada a partir do mundo real. Mas uma piada corrosiva, ácida, uma sátira, uma denúncia. Pela charge os políticos se tornam lamentáveis.

Dizem que Getúlio Vargas colecionava as que saíam com ele. Mais para fazer tipo, claro. Porque, com o Departamento de Imprensa e Propaganda, o famigerado DIP, publicar charge era uma concessão, uma liberalidade, que o ditador concedia até mesmo como forma de se auto-propagandear.

Mas ilustração como essa, publicada hoje pela Folha, funciona como petardo, míssil jornalístico a cair sobre o Congresso, onde verdeja a cultura da corrupção como coisa sagrada. Deputados e senadores, muitos deles, veneram a corrupção como algo sacro, respeitável, bento; querido e nascido do mais íntimo de suas almas escuras.

Por isso a importância das charges. Mas, para entendê-las, é preciso ser leitor, leitor diário de jornais. Acompanhar a vida da cidade, do Estado ou do País, do mundo até, a fim de compreender a piada impressa em seu contexto. No mais, é continuar fazendo carga sobre as imoralidades do Congresso, essa casa onde muitos são porcos.

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