quinta-feira, 16 de agosto de 2007

...e os jornais não disseram nada

Caros Amigos,

Percorrendo as páginas da net não vi, nas coisas de jornal, quaisquer informações ou registros a respeito da morte de Joel Silveira. O jornalismo é assim: quando da morte de figuras preeminentes dos mais diversos setores, às vezes ocupa páginas e páginas, merecidamente, relatando sua vida,documentando o seu perfil. Entretanto, quando retira-se da redação da vida um velho repórter, nunca, jamais, em tempo algum, há documentação jornalística maior. É uma das tradições perversas do jornalismo brasileiro: o esquecimento dos jornais àqueles que os fizeram.

Em Natal, somente uma matéria no Jornal de Hoje Primeira Edição, teve algum relevo. Nos demais, nada, ou quase. Somos uma categoria que forma opinião, está sempre passo-a-passo com os acontecimentos, às vezes antecedemo-nos ao tempo, muitas vezes corremos perigo, fazemos inimigos.

Não estou querendo dizer que a categoria é composta de santos e vestais. Muito pelo contrário, nosso perfil, que exige-nos agressividade e competitividade para o dia-a-dia das notícias, ajuda muitas vezes a formar grandes formuladores de cicuta, exímios e crotálicos alquimistas.

O que quero dizer é que, para os jornais, somos apenas - e não mais que isso -, peças da grande engrenagem do fordismo de nossa profissão. Joel se foi, os jornais ficaram.

E por falar em jornal, a primeira páginda do JB, que hoje é uma espécie de colcha de retalhos de fait divers, saiu hoje, em sua parte inferior, quase toralmente tomada por anúncio do Banco Itaú. Isso dá bem uma idéia da política editorial do JB: transformar-se num impresso, num infotainement, para ser vendido de qualquer maneira. Até desenhos da fada Sininho e da Cinderela já estiveram ocupando espaço nobre, no alto da coloridíssima primeira página do antes respeitável Jornal do Brasil.
É isso. E continua essa vida.
Emanoel Barreto

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