quinta-feira, 20 de setembro de 2007

"Presidente, socorre eu!"

Caros Amigos,
As coisas de jornal contam que o lavrador Ângelo de Jesus, vindo da Bahia, tentou invadir o Palácio do Planalto, faminto e desesperado. Queria falar com Lujla. Enquanto era dominado pelos seguranças, os integrantes do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social passavam ao largo, envoltos em sua aura palaciana, para uma reunião com o Presidente.

Irônico, não? Eles iam tratar de um problema que estava ali, ao seu lado, gritando de fome e clamando por justiça. Todos os pobres deste País estavam ali representados naquele homem tão pobre, tão desamparado.

Ângelo de Jesus, antes de ser colocado, algemado, em uma ambulância, gritava, como se Lula tivesse algum interesse em sua pessoa: "Presidente, socorre eu! Presidente, socorre eu!"

Não, não, Lula não socorreu, sequer falou com aquele brasileiro esfomeado e pobre. Mas falou com Renan Calheiros, que já havia falado com muitos senadores para não ser chutado da vida pública, que haviam falado com cabos eleitorais para ser eleitos, que falaram com pessoas pobres para votar nos senadores, que falam todos os dias em honestidade, que é falada em muitas bocas mas muito pouco posta em prática por quem fala nos palanques e tribunas para dizer que é preciso trabalhar pelo povo, e falam que vão falar com algum figurão para liberar uma verba, mas depois falam que a verba não foi liberada, mas prometem que vão falar novamente, mas não falam que as pessoas não confiam mais nos políticos, mesmo que Calheiros fale que todo o País o entendeu e aplaude sua continuação como presidente do Senado, enquanto Aloísio Mercadante fala que não votar pela cassação de Calheiros foi um ato de justiça.

Emanoel Barreto

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